No mês passado, foi lançada a Lista Mundial da Perseguição 2020, que é uma das principais ferramentas usadas pela Portas Abertas para monitorar e medir a dimensão da perseguição aos cristãos em todo o mundo. Para isso, um questionário com perguntas referentes às esferas de pressão (vida privada, família, comunidade, nação e igreja) e violência é feito aos cristãos perseguidos por causa da fé. O questionário tem 84 perguntas e é feito por equipes de campo nos países. As respostas dadas atingem uma escala de 0 a 100 pontos, o que classifica o nível de perseguição em cada país.
Os países que pontuam entre 81 e 100 são caracterizados como de perseguição extrema, entre 61 e 80, perseguição severa e 41 a 60, perseguição alta. Porém, como a Lista Mundial da Perseguição apresenta apenas os 50 países com pontuação mais alta, alguns países que se encaixam nessa pontuação não aparecem. Entretanto, isso não quer dizer que não há perseguição no local. Em 2020, 23 países pontuaram acima de 41 pontos, porém ficaram de fora da Lista. Eles fazem parte de uma lista de países em observação.
Dos 23 países, um está no Oriente Médio, um na Península Arábica, dois na Ásia Central, quatro na América Latina e quinze na África Subsaariana. São eles: Territórios Palestinos, México, Azerbaijão, Comores, Quirguistão, Djibuti, República Democrática do Congo, Chade, Bahrein, Tanzânia, Cuba, Uganda, Burundi, Guiné, Sudão do Sul, Moçambique, Gâmbia, Angola, Venezuela, Costa do Marfim, Ruanda, Nicarágua e Togo. Desses, 13 tiveram pontuação menor que 41 no período de análise de 2019 (1 de novembro de 2017 a 31 de outubro de 2018) e não faziam parte da lista de observação.
No Oriente Médio, Territórios Palestinos foi um dos países que saíram do Top 50 da Lista em 2020. Apesar da saída, teve um aumento na pontuação devido à média de pressão e violência. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, antagonismo étnico e paranoia ditatorial. Na Península Arábica, o Bahrein teve a mesma pontuação que em 2019. Isso reflete a situação estável da perseguição no país. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, antagonismo étnico e paranoia ditatorial. As igrejas são monitoradas, falta espaço para a construção de igrejas e o processo de construção de novas igrejas é difícil. Na Ásia Central, o Azerbaijão saiu do Top 50, embora tenha tido a mesma pontuação que em 2019 e o nível de perseguição não tenha mudado. Os principais tipos de perseguição são paranoia ditatorial e opressão islâmica. Oficiais do governo são os principais perseguidores dos cristãos no Azerbaijão e estão infiltrados em todas as igrejas. Já o Quirguistão, mesmo fora da Lista, obteve um ponto a mais que em 2019. Apesar da queda na violência, houve um aumento na pressão em todas as esferas da vida, exceto igreja. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica e paranoia ditatorial.
Na América Latina, o México foi outro país que saiu da Lista Mundial da Perseguição em 2020. O país teve apenas um ponto a menos que no ano anterior, mas foi da posição 39 para a 52. Isso porque, apesar da pressão ter aumentado, houve menos relatos de incidentes violentos. Os principais tipos de perseguição são corrupção e crime organizado, antagonismo étnico e intolerância secular. Cuba marcou 52 pontos em 2020. Os principais tipos de perseguição que afetam os cristãos no país são a opressão comunista e pós-comunista e a paranoia ditatorial. A Venezuela teve um ponto a mais que na LMP 2019 e a razão para isso está relacionada ao aumento da pressão na esfera da igreja. Os principais tipos de perseguição são paranoia ditatorial, opressão comunista e pós-comunista, e corrupção e crime organizado. A Nicarágua obteve a mesma pontuação que na LMP 2019. Mesmo havendo menos incidentes violentos do que no ano anterior, a pressão sobre os cristãos aumentou. Os principais tipos de perseguição são paranoia ditatorial, opressão comunista e pós-comunista e corrupção e crime organizado.
Na África Subsaariana, Comores teve um aumento na violência, mas a pressão continuou a mesma. Comores estava entre os dez primeiros países da Lista na primeira metade da década de 90. O principal tipo de perseguição é opressão islâmica. Djibuti fez a mesma pontuação que no ano anterior. A pressão no país é constante e a violência muito baixa. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, antagonismo étnico e paranoia ditatorial. A República Democrática do Congo (RDC) somou um ponto a mais que em 2019. O aumento deve-se principalmente à pressão e violência causadas por militantes islâmicos e à pressão que o governo faz sobre cristãos que falam contra ele. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, corrupção e crime organizado, paranoia ditatorial e antagonismo étnico.
O aumento de dez pontos na perseguição no Chade pode ser descrito como o resultado de um “efeito ondulante”. A perseguição aos cristãos que era mais ou menos prevalecente nas periferias agora está atingindo a sociedade em geral. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, paranoia ditatorial e antagonismo étnico. A Tanzânia marcou três pontos a mais que no ano anterior, o que se deve ao aumento de ataques contra cristãos e igrejas. O principal tipo de perseguição é a opressão islâmica. Uganda teve um ponto a mais que na LMP 2019, o que mostra que a perseguição aos cristãos é mais ou menos constante. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica e paranoia ditatorial.
Burundi teve cinco pontos a mais que na LMP 2019. O aumento é uma indicação de que os cristãos no país enfrentam perseguição crescente, sobretudo como resultado da ação da paranoia ditatorial, o principal tipo de perseguição. A pressão sobre líderes de igrejas é alta e a pontuação de violência subiu drasticamente. Guiné, também chamada Guiné-Conacri, obteve um ponto a menos que na LMP 2019. A diminuição foi causada por uma queda na pontuação de violência. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, antagonismo étnico e paranoia ditatorial. O Sudão do Sul obteve a mesma pontuação que na LMP 2019. Os principais tipos de perseguição são antagonismo étnico, paranoia ditatorial e corrupção e crime organizado.
Moçambique também obteve a mesma pontuação que no ano anterior. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, corrupção e crime organizado e paranoia ditatorial. Gâmbia manteve a mesma pontuação e os principais tipos de perseguição são opressão islâmica e antagonismo étnico. Já Angola obteve um ponto a mais que na LMP 2019. Os principais tipos de perseguição são paranoia ditatorial, protecionismo denominacional e corrupção e crime organizado. A principal fonte de perseguição é o governo, com oficiais criando dificuldades para os cristãos.
A Costa do Marfim obteve um ponto a menos que na LMP 2019. Embora cristãos e muçulmanos tenham um bom histórico de convivência pacífica, houve momentos em que tensões ligadas às divisões étnico-regionais causaram conflitos. Os principais tipos de perseguição são opressão islâmica, antagonismo étnico, paranoia ditatorial e corrupção e crime organizado. Ruanda obteve um ponto a mais que no ano anterior. Os principais tipos de perseguição são paranoia ditatorial, protecionismo denominacional e intolerância secular. E Togo obteve um ponto a menos que na LMP 2019. Os desafios que os cristãos enfrentam no país são, sobretudo, resultantes de abuso de poder por parte de oficiais do governo e restrição dos direitos dos cristãos; também houve dificuldades entre diferentes igrejas cristãs no país. Os principais tipos de perseguição são paranoia ditatorial, antagonismo étnico e opressão islâmica.
O que se pode observar ao unirmos todos os países com mais de 41 pontos, ou seja, locais que vivem a perseguição aos cristãos, é que se arriscar pela fé em Jesus é realidade em grande parte do mundo. São cerca de 260 milhões de cristãos perseguidos nesses países. A maior parte do continente africano, asiático e boa parte da América Latina enfrenta desafios ao viver o cristianismo no dia a dia. Interceda por cada um desses países e peça que o Espírito Santo capacite e fortaleça nossos irmãos e irmãs.