Os cristãos deslocados internos são todas os seguidores de Jesus que são forçadas a deixar suas casas, igrejas e comunidades por causa da perseguição, mas continuam dentro de seu país. De acordo com os dados da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2024, 278.716 cristãos são deslocados em 60 países, um número 120% maior em relação à LMP 2023.
Os cristãos podem ser obrigados a fugir também por questões relacionadas a conflitos armados, guerras e catástrofes naturais como terremotos e inundações. Esses fatores só aumentam a vulnerabilidade em que essas pessoas já vivem por causa da perseguição religiosa.
Onde e como vivem os cristãos deslocados?
Os cristãos deslocados contabilizados pela Portas Abertas vivem em 60 países. Mas, 70% deles estão na Nigéria e em Mianmar, o equivalente a 100 mil pessoas em cada nação. Índia, Burkina Faso, Paquistão, Mali, Bangladesh, Níger, República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Camarões reúnem mais de 77 mil cristãos deslocados.
Nessa situação, os cristãos precisam improvisar a moradia, o consumo de alimento e de água. Tarefas como ir à escola e trabalhar ficam para trás, e a luta pela sobrevivência é diária em acampamentos de deslocados oficiais ou informais. Nem sempre há comida em todas as refeições, a água potável é raridade e o saneamento básico não existe. Logo, é um local propício para proliferação de doenças contagiosas.
Após o assassinato do marido, Loise fugiu com os cinco filhos para um acampamento de deslocados na Nigéria
Loise perdeu o esposo de 37 anos na Nigéria e ficou responsável pelo sustento dos cinco filhos. Quando o marido dela foi morto por extremistas entre o povo fulani, ela precisou fugir com a família para um acampamento. “Aqui temos dificuldades para conseguir comida, lugar para dormir e muitas outras coisas”, testemunha a seguidora de Jesus.
A realidade de Loise é semelhante a de outros 100 mil cristãos que perambulam pela Nigéria em busca de um local seguro, onde não sejam alvos da ação de diversos grupos criminosos e de extremistas islâmicos.
Deslocados na Síria
Na Síria, a invasão do grupo Estado Islâmico em 2011 obrigou milhares de pessoas a deixarem suas casas e cidades. Ferial Labbad, seu marido Ghandi e os filhos Anna Maria e Ohanes fugiram para Latakia. Eles deixaram tudo para trás e tiveram que começar do zero em uma cidade desconhecida.
Ferial e a família encontraram apoio na igreja local. “Eles nos levaram sob as asas espiritualmente e financeiramente. Eles me motivaram a amar Jesus ainda mais do que eu costumava fazer antes. Nós não nos sentimos abandonados, fizeram-nos sentir amados”, testemunha.
Em fevereiro de 2023, Ferial e a família foram atingidas pelos terremotos e encontraram refúgio novamente na igreja e apoio dos irmãos na fé. “Sou grata por podermos nos refugiar aqui. Podemos orar e adorar a Deus nesse momento desafiador. Obrigada a todos que estão nos ajudando. Vocês estão colocando os ensinos de Jesus em prática ao nos socorrer”, finaliza a cristã.
Deslocados em Mianmar
Em Mianmar, 1,5 milhão de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas e comunidades por consequência dos conflitos do golpe militar em fevereiro de 2021. Tun Maung (pseudônimo) fugiu com os pais, a esposa e os filhos para um local seguro no país. Mas foram forçados a se deslocar novamente devido a um novo conflito na região.
Tun Maung fugiu com a família duas vezes por causa dos conflitos iniciados pelo golpe militar em Mianmar
“Quando anoitece, chamamos todos para dentro de casa, trancamos as portas e as janelas, acendemos as lâmpadas e as velas e ficamos em silêncio. Às vezes, as crianças são barulhentas, tenho que lembrá-las de ficarem quietas. Como pai, me sinto mal porque sua infância é escondida e vivem com medo”, explica o cristão.
Apesar do constante risco de serem pegos e mortos, Tun Maung continua seu trabalho de encorajar outros cristãos deslocados e os que vivem em áreas afetadas por conflitos. Para chegar até os irmãos na fé, sofre assédio por parte dos soldados e corre risco de ser atingido por minas e bombas.
Qual o impacto do deslocamento para as igrejas locais?
As igrejas locais são diretamente afetadas pelo deslocamento dos cristãos. Pois são eles que compõem a comunidade de fé. Quando todos os membros vão embora, a igreja é obrigada a interromper suas atividades e fechar suas portas.
Antes da invasão do Estado Islâmico, a igreja no Iraque tinha em média um milhão de cristãos. Mas milhares de seguidores de Jesus precisaram fugir e agora restam apenas 154 mil cristãos. Além dos conflitos, a falta de empregos e a crise econômica motivam as pessoas a deixar o país.
“Estamos trabalhando muito para preservar nossa existência. Meu grande sonho é que os jovens fiquem e se tornem o sal e a luz deste país. Nós realmente precisamos deles no futuro para levar nossa comunidade a um lugar melhor”, explica Daniel, um jovem líder cristão do Iraque.
Como a Portas Abertas apoia cristãos deslocados?
A Portas Abertas apoia cristãos deslocados de diversas formas. No socorro imediato, há distribuição de alimentos, água, utensílios domésticos e de necessidades básicas como cobertores e roupas de inverno.
Cristãos deslocados recebem Bíblias dos parceiros locais da Portas Abertas em acampamento na Nigéria
Além disso, os cristãos deslocados são acompanhados por parceiros locais e recebem apoio emocional, jurídico e cuidados pós-trauma. Também aprendem uma profissão e participam do projeto de geração de renda, onde recebem um investimento para começar o próprio negócio e se sustentar sozinhos.
Socorra cristãos mais necessitados
Os cristãos deslocados estão entre os mais necessitados pois precisam de alimento, água, moradia, roupas e cuidados médicos para sobreviver. Doe e socorra um cristão perseguido agora.