O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, alertou nesta sexta-feira (7) que a presença militar russa na fronteira com a Ucrânia representa um risco “real” de conflito e que a aliança deve estar preparada para o caso de fracasso nos esforços diplomáticos.
“O risco de conflito é real. As atitudes agressivas da Rússia prejudicam seriamente a segurança na Europa”, advertiu o chefe da Otan, após uma reunião com os ministros das Relações Exteriores da organização.
Na próxima segunda, a questão ucraniana estará no centro das discussões entre a Rússia e os Estados Unidos, em Genebra. No entanto, Stoltenberg apoiou o posicionamento de que não deve haver discussões que envolvam a segurança da Europa sem a presença de países europeus, como tinham reclamado durante a tarde o presidente francês Emmanuel Macron e a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Na próxima quinta-feira (13), a Rússia aceitou participar de uma reunião do conselho da Otan-Rússia, o que foi visto com bons olhos por Stoltenberg.
“É um sinal positivo pois as tensões são grandes. Veremos se a Rússia estabelece um diálogo de boa-fé e aceita que se discutam questões fundamentais. Mas devemos estar preparados para o fracasso da diplomacia”, disse ele.
Estados Unidos ao lado da Ucrânia
Os Estados Unidos querem também que representantes da Ucrânia participem das negociações na Otan, como salientou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Por telefone, Blinken conversou nesta sexta com seu colega ucraniano, Dmytro Kouleba, e reafirmou o “apoio inabalável dos Estados Unidos à independência, à soberania e à integridade territorial da Ucrânia face às contínuas agressões da Rússia”.
Segundo um comunicado oficial, o chefe da diplomacia norte-americana também teria mencionado quais seriam “as possíveis respostas dos Estados Unidos e seus aliados” ao acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia.
Os norte-americanos e seus aliados acusam a Rússia de ter posicionado cerca de 100.000 soldados perto da fronteira da Ucrânia com a intenção de invadir o território do país, uma ex-república soviética.
Stoltenberg afirmou que se a Rússia decidir usar meios militares contra seu vizinho, “estará sujeita a severas sanções econômicas e políticas”.
A Otan, contudo, não está disposta a intervir militarmente em um possível conflito, já que a Ucrânia não é um de seus membros.
No entanto, devido à proximidade da União Europeia, a Otan se prepara militarmente para enviar tropas para a região oriental do continente. A Aliança Atlântica pode contar com uma força de 40 mil militares.
Oito anos de conflito
Desde 2014, a Ucrânia tem conflitos internos contra grupos separatistas pró-russos em duas regiões na fronteira leste. A luta eclodiu após a Rússia anexar a Crimeia em uma guerra que deixou mais de 13.000 mortos.
Fonte: RFI.