Nesta segunda-feira (12), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que a Rússia não permitirá que a Turquia ou outros países elevem as tensões na Ucrânia.
“A todos os países responsáveis, com os quais mantemos contato, sendo a Turquia um deles, recomendamos veemente que analisem a situação, as declarações militares do regime de Kiev e os advertimos sobre alimentar as emoções militaristas”, enfatizou Lavrov.
Moscou não entende precisamente quais são os objetivos de Washington na Ucrânia, ressaltou Lavrov.
O chanceler também afirmou que as atividades militares dos EUA no mar Negro serão acompanhadas por uma retórica agressiva.
“Com relação à atividade militar dos EUA, incluindo a passagem de navios no mar Negro, acontece regularmente. Atualmente, está ocorrendo belicosamente, acompanhada de retórica agressiva e questionadora da presença das tropas russas na fronteira com a Ucrânia. A resposta é óbvia, nós vivemos lá e este é o nosso país. E o que os EUA estão fazendo com seus navios e militares organizando constantemente eventos através da OTAN, a milhares de quilômetros de seu território, esta questão permanece sem resposta”, indagou.
Anteriormente, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Turquia afirmou que Washington havia notificado Ancara sobre a passagem de dois de seus navios de guerra pelos estreitos de Bósforo e Dardanelos, que poderia dar acesso ao mar Negro às embarcações da OTAN, onde permaneceriam de 14 e 15 de abril até 4 e 5 de maio.
Essenciais para o acesso ao mar Negro, onde se encontram países como Rússia, Ucrânia, Geórgia, Bulgária e Romênia, ambos os estreitos ficam em território turco, mas são regulados por leis internacionais, estabelecidas na Convenção de Montreux de 1936.
A relevância geopolítica dos estreitos é tamanha que muitos historiadores apontam Bósforo e Dardanelos como uns dos fatores que motivaram a Primeira Guerra Mundial.
Na semana passada, o presidente do Parlamento turco, Mustafa Sentop, gerou furor ao sugerir que o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, teria o poder de se retirar da Convenção de Montreux e aplicar as leis turcas aos estreitos.
Em resposta, militares aposentados publicaram carta alertando para a importância da Convenção de Montreux. Dez almirantes foram presos após assinarem o manifesto, considerado pelo presidente turco incitação a um golpe militar.
A convenção é objeto de disputa política na Turquia: enquanto militares apoiam a sua vigência, alas mais conservadoras e nacionalistas do espectro político a consideram uma violação da soberania do país.
A convenção de Montreux garante o livre trânsito de navios comerciais pelos estreitos, sem que a Turquia possa cobrar tarifas sobre a passagem, o que gera insatisfação em parte da classe política turca.
Na segunda-feira (5), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reafirmou o compromisso de seu país com a Convenção de Montreux. Segundo ele, a Turquia “não tem a intenção” de deixar o acordo, mas não hesitaria em rever suas condições para angariar “condições mais favoráveis à Turquia”.