Apesar de elevados gastos militares e deslocamento de tropas da OTAN mais a leste, a Rússia ainda tem vantagem em um grande conflito, concluiu a Agência Sueca de Pesquisa em Defesa (FOI, na sigla em sueco) após ter realizado simulações.
A OTAN demostra desvantagens de prontidão: os Estados-membros não praticam o suficiente, enquanto suas forças são geograficamente dispersas e possuem capacidades militares muito diferentes. Tudo isso indica as vantagens da Rússia em caso de guerra em grande escala na vizinhança geopolítica imediata da Suécia, de acordo com relatório da FOI.
A conclusão referida foi feita apesar da garantia militar da Aliança Atlântica a outros membros e o deslocamento histórico de forças aos países bálticos e à Polônia, mais perto da fronteira russa, tendo sido este deslocamento iniciado por Barack Obama e continuado pela administração Trump.
No entanto, mesmo com todas estas medidas e aumentos de despesas, a Rússia tem uma vantagem militar, estimou a agência sueca.
“Se houver pouco tempo para preparações defensivas do Ocidental, a Rússia possuirá uma vantagem clara em nossa área imediata, especialmente na terra”, disse ao canal de televisão SVT o gerente do projeto do relatório, Krister Pallin. “Esta vantagem vai durar bastante [tempo], pelo menos, até os EUA poderem chegar com maiores forças terrestres, o que demoraria pelo menos alguns meses”, adicionou.
Realizando simulações de guerra para analisar o equilíbrio militar do poder da OTAN e de seus parceiros em relação à Rússia, a agência sueca concluiu, segundo palavras do especialista, que “se a Rússia atacasse os países bálticos em curto prazo, ela teria uma boa perspectiva de sucesso”, notou Pallin.
Apesar das despesas militares elevadas da OTAN e a posição cada vez mais próxima da Rússia, não há grandes mudanças no equilíbrio de poder, de acordo com a FOI. Ainda assim, as forças da Aliança Atlântica não devem ser aumentadas. Em vez disso, as tropas devem ser capazes de agir mais rápido contra uma série de diferentes ameaças de ataques.
A maior força é a superioridade no ar e no mar. O grande problema, no entanto, é que a OTAN e seus aliados estão presentes em muitos países. Em resultado, eles possuem “baixa prontidão” e “não estão treinados para guerra”, revelou o relatório.
“Investimentos de longo prazo na defesa ocidental também são necessários, porém, isso não resolve a necessidade para ser capazes de enfrentar ameaças russas em curto prazo. É certo que os gastos com defesa são aumentados no Ocidental desde 2014, mas no momento são pouco prováveis grandes aumentos adicionais, especialmente levando em consideração diferentes opiniões sobre necessidades de defesa”, concluiu Krister Pallin.
Por sua vez, o analista militar Konstantin Sivkov descartou totalmente ações ofensivas do lado da Rússia. “A Rússia não vai praticar ataques militares ofensivos contra a OTAN pela simples razão de que a OTAN ultrapassa a Rússia em muitas vezes no potencial militar e militar-industrial. Neste caso, seria exclusivamente uma guerra defensiva”, afirmou o especialista.
De ponto de vista de Sivkov, o objetivo do relatório é outro: persuadir a população e autoridades de países europeus na necessidade de prestar financiamento para reorganização de rede rodoviária, a fim que pontes europeias possam suportar tanques pesados.
Embora a Suécia formalmente mantenha o status de não aliado, nos últimos anos, o país nórdico tem se aproximado da OTAN para criar uma aliança duradoura. Desde a reunificação da Crimeia à Rússia, a Suécia continua considerando Moscou uma ameaça, referindo-se ao “comportamento assertivo” em exercícios como pretexto para seu próprio desenvolvimento militar.