O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, negou hoje envolvimento do seu país nos episódios de drones avistados em sobrevoos a aeroportos e bases militares de países europeus e prometeu retaliar possíveis agressões. A declaração foi dada durante participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
O que aconteceu
Lavrov criticou suposta expansão da Otan em direção às fronteiras russas. “Propomos repetidamente que as capitais da Otan respeitem seus compromissos e concordem em garantias de segurança legalmente vinculativas”, disse o chanceler.
Qualquer agressão contra meu país será recebida com uma resposta decisiva. Sergei Lavrov.
Ainda de acordo com o russo, seu país está disposto a negociar o fim da guerra na Ucrânia, mas Kiev e seus aliados não têm colaborado. “Como o presidente Vladimir Putin enfatizou repetidamente, a Rússia foi e permanece aberta a negociações sobre a eliminação das causas principais do conflito. A segurança da Rússia e seus interesses vitais devem ser garantidos de maneira confiável. Até agora, nem Kiev nem seus patrocinadores europeus parecem perceber a gravidade da situação ou estar disposto a negociar honestamente”, afirmou.
O chanceler representou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no evento. O líder russo não pôde comparecer por ser alvo de mandado internacional de prisão.
Lavrov também acusou o governo israelense de querer “explodir” a região. Ele criticou os ataques israelenses ao Irã e ao Catar e se opôs aos apelos pela anexação da Cisjordânia.
O uso ilegal da força por Israel contra os palestinos e suas ações agressivas contra o Irã, Catar, Iêmen, Líbano, Síria e Iraque hoje ameaçam explodir todo o Oriente Médio. Sergei Lavrov.
Drones sobrevoaram países da Europa
Circulação de drones em pontos estratégicos colocou países europeus em alerta. A União Europeia não descarta construir em conjunto um “muro contra drones”
Equipamentos não identificados foram observados na base militar de Karup, no oeste da Dinamarca, na noite de ontem. A instalação militar é considerada a maior do país. Também há relatos da circulação de drones na base aérea de Oerland, na Noruega. A polícia investiga os dois casos.
Episódio na Dinamarca foi o terceiro em uma semana e levou ao fechamento de aeroportos. O aeroporto de Midtjylland, perto da base de Karup, teve de ser fechado ontem. Porém, houve pouco impacto para a aviação civil, já que não havia voos comerciais marcados para aquele horário, segundo a agência Deutsche Welle. Na segunda-feira, o Aeroporto de Copenhague, o maior da região nórdica, foi fechado por horas a presença de drones de grande porte. Cinco aeroportos menores, civis e militares, também foram fechados temporariamente nos dias seguintes.
“Classificação como ataque híbrido”, entendem autoridades dinamarquesas. A primeira-ministra Mette Frederiksen disse que foi “o ataque mais sério à infraestrutura crítica dinamarquesa até o momento”.
Suspeita recaiu sobre a Rússia
Voos de drone começaram poucos dias depois de a Dinamarca anunciar planos para comprar, pela primeira vez, armas de precisão e longo alcance. O argumento para a aquisição era de que Rússia seguiria sendo uma ameaça “por muitos anos”.
União Europeia também suspeita que a Rússia esteja por trás das incursões. “A Rússia está testando a UE e a Otan, e nossa resposta tem que ser firme, unida e imediata”, declarou a jornalistas o comissário europeu para Defesa, Andrius Kubilius, ao defender a criação de um “muro antidrones” para defender o bloco de futuras violações de seu espaço aéreo.
Anteontem, Rússia declarou “rejeitar firmemente” qualquer sugestão de envolvimento nos episódios com drones na Dinamarca. Via redes sociais, a embaixada russa falou em “provocação encenada”.
Episódios semelhantes também foram registrados recentemente na Polônia e na Romênia. Já a Estônia anunciou, no início da semana, que teve seu espaço aéreo violado por caças russos e precisou escoltá-los de volta com a ajuda de caças da Otan operados por Finlândia, Itália e Suécia.
Fonte: UOL.