A Estônia dá o alarme sobre as intenções de Moscou
A Rússia está a preparar-se para uma futura guerra com o Ocidente, que poderá desenrolar-se dentro de dez anos. É o que afirma um novo relatório do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Estônia, divulgado no dia 13 de fevereiro.
Ameaças à ordem mundial
O relatório delineou várias questões, como problemas colocados pela China e pelo terrorismo internacional dentro da Europa. Entretanto foi a ameaça que Moscou representa para a ordem internacional seu foco principal.
A Rússia escolheu um caminho de confronto
“A Rússia escolheu um caminho que é um confronto de longo prazo”, explicou Kaupo Rosin, Diretor-Geral do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Estônia, de acordo com a Newsweek.
É improvável que a Rússia ataque este ano
Rosin explicou ainda que era “altamente improvável” que o Kremlin lançasse um ataque contra os seus vizinhos ocidentais no curto prazo, mas sugeriu que a OTAN estivesse preparada.
A Rússia aumentou, significativamente, sua capacidade de construir equipamento militar importante, como veículos blindados e munições de artilharia. Esta produção poderá, eventualmente, ultrapassar a ocidental, se o Ocidente também não aumentar a sua.
Moscou reestrutura seu comando militar
A reestruturação do comando militar, como o estabelecimento dos Distritos Militares de Leningrado e Moscou, em 2024, destaca a crescente importância da fronteira ocidental da Rússia e o seu desejo de “reforçar sua postura militar em relação à Finlândia”, explica o relatório.
Mudança na estrutura de comando
Também foi importante a mudança na estrutura de comando no corpo do exército, que passou para um sistema de quatro níveis, incluindo distrito, exército, corpo de exército e divisão.
“Com a reforma militar de Shoigu, os corpos do exército são formados dentro da estrutura do exército regular, indicando que a liderança russa vê a necessidade de regressar a um conceito de exército de massa para continuar o conflito na Ucrânia e preparar-se para um possível conflito com a OTAN”, detalha o relatório.
A Rússia também quer aumentar o número de soldados de 1,1 milhões para 1,5 milhões até 2026. A medida revela que o Kremlin planeja um longo conflito na Ucrânia, segundo o mesmo documento.
A OTAN, por sua vez, enfrentaria um exército de estilo soviético que seria tecnologicamente inferior ao seu, mas ainda assim representaria uma ameaça devido ao seu tamanho.
A quantidade de mão-de-obra, poder de fogo e reservas que poderiam ser utilizadas em qualquer guerra futura com a Rússia seria enorme.
Em resumo, o relatório da Estônia insiste em que a Rússia estar a militarizar-se em todos os níveis da sociedade para derrotar a Ucrânia e os seus aliados.
“Mesmo que os planos de guerra-relâmpago da Rússia tenham falhado, Vladimir Putin ainda acredita que, ao continuar o conflito, pode forçar as partes opostas a virem para a mesa de negociações”, explicou Kaupo Rosin, Diretor-Geral do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Estônia.
“Refiro-me a ‘partes opostas’ no plural porque, na mentalidade do Kremlin, a Rússia não está apenas a combater os ucranianos, o caminho que escolheu envolve um confronto a longo prazo com todo o ‘Ocidente coletivo’” concluiu.
No mesmo dia em que o relatório da inteligência estoniano foi divulgado, a Rússia colocou o primeiro-ministro da Estônia, Kaja Kallas, o secretário de Estado (também da Estônia) Taimar Peterkop e o ministro da Cultura da Lituânia, Simonas Kairys, na lista de procurados do país. Eles são acusados de remover monumentos soviéticos aos soldados, em seus países, de acordo com o The Guardian.
“Este é apenas o começo”, escreveu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em seu canal Telegram. “Os crimes contra a memória dos libertadores do mundo do nazismo e do fascismo devem ser processados.”
Fonte: The Daily Digest.