Em um ataque a Kiev na semana passada, a Rússia utilizou, pela primeira vez desde o início da guerra, o míssil hipersônico Zircon, um dos mais poderosos de sua frota e capaz de viajar em velocidade nove vezes maior que a do som, segundo Moscou.
A afirmação foi feita pelo Instituto de Pesquisa Científica de Kiev para Exames Forenses. O diretor do instituto, Oleksandr Ruvin, disse que seus pesquisadores analisaram fragmentos de mísseis usados durante o ataque à capital ucraniana.
“Neste caso, vemos elementos que são característicos do míssil 3M22 Zircon. Partes e fragmentos do motor e dos mecanismos de direção têm marcações específicas”, escreveu ele.
O Ministério da Defesa da Rússia não havia se pronunciado sobre o caso até a última atualização desta reportagem. Caso a análise seja confirmada, esta será a primeira vez que usa o míssil em quase dois anos de guerra. O Zircon foi incorporado à frota russa em 2022, meses após o início da guerra na Ucrânia.
O míssil tem um alcance de 1.000 km – mais que a distância entre Moscou e Kiev – e viaja a nove vezes a velocidade do som, de acordo com a Rússia. Ele foi inicialmente projetado para ser lançado do mar, mas, após o início da guerra na Ucrânia, uma nova versão para ser lançada do solo foi desenvolvida.
Analistas militares afirmaram à agência de notícias Reuters que sua velocidade hipersônica pode significar uma grande redução no tempo de reação das defesas aéreas e a capacidade de atacar alvos grandes, profundos e resistentes.
O presidente russo, Vladimir Putin, já descreveu o Zircon como parte de uma nova geração de sistemas de armas incomparáveis.
O ataque da Rússia à Kiev em 7 de fevereiro matou menos cinco pessoas e danificou prédios residenciais e infraestrutura de energia, segundo as autoridades.
A acusação do instituto chega também no dia em que Putin prometeu retaliação à decisão a União Europeia, feita na segunda-feira (12), de reservar lucros obtidos com ativos congelados do Banco Central da Rússia em países que integram o bloco.
Escalada da guerra
Avião militar com 74 passageiros, entre eles 65 prisioneiros ucranianos, cai na Rússia
A Ucrânia tem enfrentado uma escalada de ataques russos na guerra entre os dois países, que já dura quase dois anos.
Desde o fim de dezembro, tropas russas têm bombardeado alvos civis em grandes cidades da Ucrânia , segundo autoridades ucranianas. Os ataques contrastam com o cenário da guerra no país ao longo de 2023, com ações mais concentradas nas frentes de batalha.
Em 29 de dezembro, Moscou fez um dos maiores ataques coordenados à Ucrânia, atingindo alvos civis como uma maternidade e deixando 30 mortos, segundo Kiev.
No fim de janeiro, uma aeronave militar russa que, segundo Moscou, transportava prisioneiros ucranianos, caiu em uma zona de fronteira entre os dois países. O Kremlin acusou a Ucrânia de ter derrubado a aeronave com mísseis fornecidos pelos Estados Unidos.
O governo ucraniano, que tem adotado como praxe não confirmar nem negar ataques em território russo cuja autoria é atribuída à Ucrânia, afirmou apenas que a Rússia não pediu proteção do espaço aéreo no local onde o avião caiu.
Fonte: Reuters.