O Hezbollah afirmou nesta sexta-feira (6) que enviou à Síria um “pequeno número” de soldados para lutar ao lado das tropas do ditador sírio Bashar al-Assad na cidade de Homs, cercada pelos rebeldes que fazem uma nova ofensiva que reacendeu conflito de 13 anos no país.
Nesta sexta, os rebeldes, que tentam derrubar o regime de Assad, avançavam em direção a Homs após conquistar a cidade estratégica de Hama. Em paralelo, tiros foram ouvidos perto do palácio presidencial na capital Damasco, e a Rússia, aliada do ditador sírio, pediu que seus cidadãos deixem o país do Oriente Médio.
E a Jordânia, país que faz fronteira com a Síria, fechou todos os acessos ao país vizinho.
Embora seja sediado no Líbano, de onde luta contra Israel, o Hezbollah também tem frentes em conflitos internacionais e vinha apoiando as forças sírias. O grupo extremista perdeu força desde o início da guerra que trava com Israel, mas, mesmo assim, deslocou tropas de elite para a Síria, segundo membros do Exército libanês ouvidos pela agência de notícias Reuters.
As tropas do Hezbollah tentarão conter, ao lado do Exército sírio, os rebeldes do movimento Organização para a Libertação do Levante (HTS, na sigla local) que, nesta manhã, se aproximavam da cidade, a quarta maior do país.
Na quinta (5), os rebeldes do HTS, que tentam derrubar o regime de Asad, tomaram o controle de Hama, cidade estratégica geograficamente por estar no centro e conectar várias regiões do país.
A ofensiva dos rebeldes reacendeu a guerra na Síria, que acontece desde 2011. O conflito estourou durante manifestações da Primavera Árabe que começaram a pedir a derrubada do regime de Asad e foram duramente reprimidas pelo Exército.
Grupos rebeldes entraram então em conflito com as forças de Asad, que perdeu o controle de alguns territórios mas conseguiu se manter no poder, principalmente pelo apoio da Rússia e do Irã, seus aliados.
O líder dos rebeldes islamistas sírios declarou ao canal CNN que o “objetivo” de sua ofensiva relâmpago na Síria é “derrubar” o governo do presidente Bashar al-Assad.
“Quando falamos de objetivos, a finalidade da revolução continua sendo derrubar este regime. Temos o direito de utilizar todos os meios disponíveis para alcançar esta meta”, declarou Abu Mohamed al-Jolani em uma entrevista à publicada nesta sexta-feira (6).
A Síria atualmente é palco de combates entre grupos rebeldes e tropas do governo de Bashar al-Assad após uma ofensiva-relâmpago em Aleppo, segunda maior cidade síria, e outras regiões do país desde semana passada. Os rebeldes tomaram o controle de Aleppo e estão avançando para outras cidades. Na quinta, capturaram a estratégica cidade de Hama, quarta maior da Síria.
Segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), os rebeldes sírios avançavam nesta sexta (6) em direção a Homs e estão a apenas cinco quilômetros da terceira maior cidade do país, depois que tomaram o controle da cidade estratégica de Hama, mais ao norte, na quinta-feira.
Nas últimas horas, os rebeldes liderados pelos islamistas radicais do grupo Hayat Tahrir al Sham (HTS) “entraram nas cidades de Rastan e Talbiseh”, situadas na província de Homs, diante da ausência total das forças do regime de Assad, segundo o OSDH.
Assad prometeu recorrer à força para eliminar “o terrorismo”, mas suas tropas estão sofrendo derrotas sucessivas em diversas cidades do país e sendo forçadas a recuar em direção à capital Damasco.
O comandante dos rebeldes afirmou nesta sexta que está coordenando com a Rússia, que apoia o governo sírio, e os Estados Unidos o desenvolvimento do conflito.
População deslocada
Os combates entre rebeldes e as forças sírias provocaram o deslocamento de 280 mil sírios desde 27 de novembro, devido ao avanço dos grupos islamistas na Síria, informou a ONU nesta sexta-feira (6), com o alerta de que o número pode chegar a 1,5 milhão.
“O número que temos é de 280.000 pessoas desde 27 de novembro. Está atualizado até a noite de ontem. Não inclui o número de pessoas que fugiram para o Líbano durante a recente escalada” dos combates entre Hezbollah e Israel, declarou Samer AbdelJaber, diretor de coordenação de emergências do Programa Mundial de Alimentos, durante uma entrevista coletiva em Genebra.
Fonte: G1.