O grupo extremista do Taleban tem avançado para conquistar a capital do Afeganistão. Hoje, o grupo se localiza a apenas 80 km de Cabul. O cerco já tomou a cidade de Firozkoh — capital da província de Ghor —, e Pul-i-Alam —capital da província de Logar —, sendo esta última a mais próxima da região central do país.
Diante das investidas do grupo extremista no país, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) António Guterres afirmou que a situação está “saindo do controle”.
As declarações foram ditas hoje a jornalistas a respeito dos combates entre o Taleban e as forças de segurança. A entidade classifica como preocupante a situação porque civis estão arcando com o impacto da violência.
Guterres disse que apenas no último mês mais de mil pessoas foram mortas ou ficaram feridas em ataques contra civis, principalmente nas províncias de Helmand, Kandahar e Herat. O secretário-geral fez um apelo ao Taleban para que as ofensivas no Afeganistão sejam suspensas “imediatamente”.
A ONU denunciou ainda que os talibãs impuseram restrições severas aos direitos de mulheres e crianças do país. Segundo Guterres, é “assustador e doloroso” ver notícias sobre como os direitos humanos na região estão sendo “arrebatados”.
Também estou profundamente preocupado com os primeiros indícios de que os talibãs estão impondo restrições severas aos direitos humanos em áreas sob seu controle, especialmente às mulheres e jornalistasAntónio Guterres.
Na sequência, o representante da ONU afirmou que empreender ataques contra civis pode ser considerado como uma violação do direito humanitário internacional e que chega a ser um crime de guerra.
Ao menos 241 mil deslocados foram gerados pelos combates, que causam danos avultados e aumentam as necessidades humanitárias.
Anistia a quem colaborar com governo afegão
O Taleban anunciou hoje que pretende garantir “anistia geral” aos que colaborarem com o atual governo do Afeganistão e que não pretende “tocar” em diplomatas estrangeiros.
A declaração ocorre diante do avanço de ações de um grupo fundamentalista islâmico que em poucas semanas avançou em mais da metade das 34 capitais de províncias da região.
Países ocidentais que mantinham tropas em solo afegão até poucos meses atrás têm demonstrado preocupação com a segurança de suas embaixadas.
A Alemanha já anunciou uma redução de seu efetivo diplomático em Cabul, e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) discute a evacuação de seu pessoal remanescente no Afeganistão.
Invasão a Cabul está próxima e moradores se preparam
O avanço do grupo fundamentalista que comanda uma guerra relâmpago em diversos pontos do país e tem gerado preocupação internacional.
Desde a entrada das tropas norte-americanas no país o grupo havia perdido força, mas com a retirada das forças estadunidenses nos últimos meses, os extremistas voltaram a ter poder na região.
Até o momento, estratégia do grupo era formar um cerco em torno da capital, onde habita mais da metade da população.
Com o avanço das investidas, moradores de Cabul se preparam para as invasões e vivem o drama de estocar alimentos e água temendo por dias de confronto.
Formação do Taleban
O surgimento do Taleban ocorreu por volta do final dos anos 1990, quando mujahideens — combatentes — afegãos e guerrilheiros islâmicos se uniram para combater a ocupação soviética no Afeganistão. Com apoio popular, o grupo governou o país de 1996 até a invasão norte-americana no ano de 2001.
Os Estados Unidos enfrentavam outro grupo extremista, a Al-Qaeda, do então líder Osama bin Laden. Em 1999, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) adotou uma resolução que vinculou Al-Qaeda e Taleban como entidades terroristas e impôs diversas sanções contra os grupos.
Em 11 de setembro de 2001, membros da Al-Qaeda sequestram quatro aviões, jogando dois no World Trade Center em Nova York, um no Pentágono em Washington DC e o último em um campo em Shanksville, na Pensilvânia.
Com informações da Reuters, Ansa e AFP.