O presidente dos EUA, Joe Biden, teve “uma das conversas telefônicas mais difíceis e frustrantes” com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que recuou sobre o financiamento da Autoridade Nacional Palestina (ANP), segundo fontes da imprensa.
A Casa Branca solicita ao governo israelense que retome as transferências para o orçamento da ANP de fundos que arrecada sob a forma de impostos e taxas em nome das autoridades palestinas. Os repasses foram interrompidos após o ataque de outubro do Hamas contra Israel.
“Esta parte da ligação de sábado [23] entre os dois líderes foi uma das conversas mais difíceis e frustrantes que Biden teve com Netanyahu desde o início da guerra em Gaza. É um sinal da crescente tensão entre os líderes”, escreveu o portal Axios, citando representantes não identificados da administração dos EUA.
Segundo a publicação, sob pressão americana, Israel concordou em retomar as transferências de fundos, que constituem a maior parte do orçamento da Autoridade Palestina, no entanto, não pagará os valores devidos à Faixa de Gaza.
Ainda conforme a mídia, temendo que o dinheiro fosse utilizado pelo Hamas, o próprio Netanyahu sugeriu transferir os fundos à Noruega para armazenamento temporário até que fossem desenvolvidos mecanismos que garantissem que o Hamas não os utilizaria.
No entanto, Netanyahu teria recuado durante o contato com o presidente norte-americano, dizendo que já não achava que era uma boa ideia. Ele teria dito a Biden que não confiava nos noruegueses e deixou claro que a Autoridade Palestina deveria apenas aceitar uma transferência parcial de fundos.
Em contrapartida, Biden reagiu, dizendo que os EUA confiam na proposta norueguesa e isso deveria ser suficiente para Israel também confiar, afirmou a publicação, que completou que, após vários minutos de discussão, Biden disse a Netanyahu que esperava resolver a questão.
Para Netanyahu, a retomada das transferências de fundos apresenta riscos de atritos dentro de sua coligação, uma vez que o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, se opõe ao financiamento da ANP.
Os Estados Unidos, por sua vez, temem que, sem apoio financeiro, a Autoridade Palestina, que controla parte da Cisjordânia, enfrente o colapso. Entretanto, os norte-americanos são o principal parceiro israelense na atual incursão na Faixa de Gaza, que dura mais de dois meses e já matou mais de 21,4 mil palestinos. Recentemente, Netanyahu chegou a afirmar que recebeu total respaldo dos Estados Unidos para uma incursão terrestre no enclave palestino.