A tensão entre Turquia e Grécia por conta da exploração de combustíveis fósseis na parte oriental do Mar Mediterrâneo colocou a União Europeia em alerta. Os países, liderados pela Alemanha, discutirão o tema nesta quinta-feira (27) durante a primeira reunião do Conselho Europeu dos ministros das Relações Exteriores sob a presidência de Berlim.
Ao chegar ao encontro, que debaterá também outras crises internacionais, o ministro alemão, Heiko Maas, afirmou que “não será possível chegar à mesa de negociação” se “os navios de guerra estiverem ativos na área”. O representante de Angela Merkel ainda defendeu que o bloco tome uma atitude conjunta sobre a questão.
A crise, que começou a ficar mais forte há pouco mais de um mês, tomou novos contornos após o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, dizer que manteria os estudos de exploração tanto no Mediterrâneo como no Mar Egeu após Merkel tentar negociar um acordo entre Atenas e Ancara.
Nesta quarta-feira (26), inclusive, Erdogan aproveitou o momento para voltar a reforçar as ameaças, dizendo que os turcos “irão tomar o que lhes pertence” e advertindo os gregos.
“Evitem erros que poderão levá-los à estrada da destruição. Se a Grécia quer pagar um preço, que venham nos enfrentar. Sem não tem coragem, que saiam do meio”, disse o mandatário citado pelo jornal “Sabah”.
Erdogan voltou a dizer que “não quer conquistar” novos territórios ou ter soberania, “mas não farei concessões sobre o que é nosso”.
– A crise: No dia 21 de julho, o governo grego apresentou um protesto formal e, no dia seguinte, enviou navios ao Mar Egeu para ficarem em “alerta” devido às atividades de navios turcos.
Poucos dias antes, os gregos já haviam acusado Ancara de invadir suas águas territoriais, próximas à ilha de Kastelorizo, para explorar possíveis campos de petróleo. Por conta disso, Merkel se ofereceu para mediar a situação crítica e conseguiu controlar os ânimos, com Erdogan aceitando retirar suas embarcações da área.
No entanto, em 6 de agosto, Atenas anunciou o fechamento de um acordo com o Egito para determinar as fronteiras marítimas e criar uma zona exclusiva de exploração de petróleo e gás entre as duas nações.
A medida enfureceu Erdogan, que disse que os gregos “não eram confiáveis” e ordenou que seus navios de estudo e exploração voltassem para a área. Para ele, o pacto invade áreas que pertencem à Líbia e que poderiam ser exploradas por Ancara após um acordo entre os dois governos firmado no fim de 2019.
No entanto, esse acordo firmado pelo presidente turco com os líbios não é reconhecido por nenhum país ou entidade internacional – e os gregos afirmam que ele abrange uma área de águas territoriais pertencentes a Atenas.
Além da briga com a Grécia, a Turquia também tem um conflito político com o Chipre pelo mesmo motivo.
– Combustíveis fósseis: As primeiras descobertas de petróleo e de gás natural nessa parte do Mar Mediterrâneo foram realizadas em 2009 – sendo que novas áreas de possível exploração foram sendo achadas até 2018.
Além de ter as reservas naturais de combustíveis fósseis cada vez mais escassos no mundo, a rota marítima por essa parte do Mediterrâneo é considerada muito estratégica para questões comerciais.
Fonte: ANSA.