Na última década, acumulam-se evidências a favor da hipótese de que a vacina contra o sarampo não apenas protege contra essa doença, mas também outras infecções de longo prazo. Alguns acreditam que esse efeito é devido à vacina que reforça o sistema imunológico em geral, enquanto outros argumentam que é apenas para a prevenção do sarampo como tal.
Esta última teoria trata da chamada amnésia imune, que ocorre quando o sarampo danifica a memória imune do organismo infectado e desativa sua resistência a outras bactérias e vírus. De acordo com essa hipótese, a vacina contra o sarampo impede o corpo de “esquecer” que é resistente a outras infecções.
Um estudo de 2015 sugeriu que a memória imune apagada pelo sarampo permanece ausente por dois ou três anos, embora o debate sobre se a amnésia imune realmente exista, como exatamente ocorre se é real e quão grave é, permaneça aberto.
“A melhor evidência até o momento de que existe amnésia imunológica”
Hoje em dia, na revista Science, apareceu um novo estudo a esse respeito, preparado por uma equipe internacional de pesquisadores. Os cientistas examinaram 77 crianças não vacinadas e concluíram que o sarampo elimina de 11% a 73% de diferentes anticorpos que protegem o corpo contra bactérias e vírus aos quais a pessoa infectada estava imune.
Da mesma forma, se uma pessoa tiver 100 anticorpos contra a varicela antes de contrair o sarampo, após o vírus, o organismo poderá permanecer com apenas 50, reduzindo pela metade o nível de proteção contra a varicela ou até mais se entre os anticorpos perdidos houver os chamados anticorpos neutralizantes
Este foi o primeiro estudo a medir os danos ao sistema imunológico causados pelo vírus. O principal autor da pesquisa, Michael Mina, que trabalha como professor assistente na Graduate Center Harvard Chan School, disse que seu trabalho “é a melhor evidência até agora de que a amnésia imunológico existe” e afeta nossa memória imunológica de longo termo.
Outro autor do estudo, Stephen Elledge, alertou que o perigo do sarampo é “muito maior” do que eles imaginavam anteriormente e que a vacina contra essa doença traz mais benefícios do que já eram conhecidos, especialmente para os “perigo prolongado devido à supressão da memória imunológica”.
Além do estudo publicado na Science, ao mesmo tempo outro foi publicado na revista Science Immunology, realizado por uma equipe diferente, mas que chegou a conclusões complementares ao analisar as alterações nas células B causadas pelo vírus do sarampo.
“A imunossupressão pode durar meses ou anos após a infecção, levando a um aumento da incidência de infecções secundárias”, escreveram os cientistas.
Fonte: RT.