Um total de pelo menos 45 pessoas morreram ontem à noite depois de se ter dado uma debandada em massa no meio de uma multidão aglomerada para a tradicional cerimonia do “acender da fogueira” da festa da Lag Ba’Omer, no Monte Meron, naquilo que o primeiro-ministro classificou como “um desastre pesado.”
Equipas de socorro estão ainda a trabalhar no local do incidente para tentar encontrar mais vítimas e socorrer os feridos. Peritos estão a tentar identificar as vítimas, entre as quais também se encontravam crianças. O Ministério dos Transportes deslocou 300 ônibus vazios para o local para transportar os peregrinos, contudo a falta de policiamento tem causado grandes engarrafamentos nas vias de acesso.
Cerca de 90.000 pessoas – na sua maioria judeus ortodoxos – tinham-se dirigido ao Monte Meron, até ao túmulo do rabino Shimon Bar Yochai, um sábio místico do 2º século d.C., para as comemorações anuais da Lag Ba’Omer, e que incluíam orações, canções místicas e danças pela noite fora. A maior parte dos mortos pertencia à seita hassídica Toldot Aharon, sediada em Jerusalém.
Para além dos já identificados 45 mortos, a tragédia provocada pela debandada provocou ainda cerca de 150 feridos, dos quais 21 ainda estão a receber tratamentos médicos nos hospitais da região Norte, com 4 deles em situação crítica.
Mais de 250 ambulâncias e 6 helicópteros foram destacados para resgatar os feridos do local, para além de um hospital de campanha que foi montado no local da tragédia.
A polícia já abriu entretanto um inquérito para investigar a causa da tragédia.
DESOBEDIÊNCIA ÀS AUTORIDADES
Em clara desobediência às normas impostas pelas autoridades sanitárias, multidões estáticas haviam-se concentrado na inclinação do Monte Meron, sendo a maior multidão concentrada num só local depois que Israel levantou as restrições aos ajuntamentos há algumas semanas. Segundo testemunhas no local, pessoas ficaram asfixiadas ou pisadas numa passagem por volta da uma hora da manhã, tendo algumas passado despercebidas até que o sistema de som começou a apelar à dispersão.
De princípio, muitos julgaram tratar-se de um alarme de bomba. Outra testemunha que se encontrava na entrada partilhou que quando tencionavam sair, a polícia bloqueou a entrada, pelo que quem quisesse escapar não podia. Com a pressa, as pessoas iam caindo umas sobre as outras, acabando algumas por morrer asfixiadas ou feridas pelo esmagamento contra as grades que bloqueavam a saída.
O local da peregrinação deveria ter sido limitado a 10 mil pessoas, mas quase 100 mil aglomeram-se no local, contrariando as diretrizes dadas pela polícia destacada para o local. Mais de 650 ônibus tinham sido fretados para conduzir os religiosos ao Monte das celebrações.
Aquilo que era uma euforia pelo facto de poderem estar a celebrar esta festa pela primeira vez após a pandemia tornou-se num horrível desastre, constituindo uma das maiores tragédias ocorridas em Israel nestes últimos anos.
Todo o país está de luto, chorando os seus mortos e rezando pelas famílias enlutadas e pelos feridos.