O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a apoiar o plano da Rússia para um acordo de paz na Ucrânia, baseado na concessão de território ucraniano ao Kremlin. Após a reunião com o presidente russo Vladimir Putin no Alasca, o americano disse aos aliados europeus neste sábado, 16, que um acordo de paz sairia rápido se o presidente ucraniano Volodmir Zelenski concordasse em entregar uma parte do país.
A informação foi publicada pelo jornal americano The New York Times, que ouviu duas autoridades europeias do alto escalão. As fontes não foram identificadas. Segundo o jornal, os territórios em jogo seriam as regiões de Donetsk e Luhansk, incluindo áreas que hoje não estão sob ocupação russa.
Após o encontro, o presidente americano foi questionado pela Fox News sobre que conselho daria para Zelenski após a reunião. “Façam um acordo”, disse. “A Rússia é uma potência muito grande e eles não.”
A posição de Trump marca um novo afastamento dos planos da Ucrânia e dos europeus para a guerra. Até a reunião com Putin, Trump parecia defender o cessar-fogo imediato no conflito, como os aliados queriam.
Em troca das cessões ucranianas, Putin ofereceu um cessar-fogo no restante do país e nas atuais frentes de batalha e a promessa escrita de não atacar a Ucrânia ou qualquer país europeu novamente, disseram as autoridades. Ele quebrou promessas semelhantes antes.
Trump havia ameaçado impor penalidades econômicas caso Putin saísse da reunião sem um acordo para acabar com a guerra, mas ele suspendeu as ameaças após a cúpula. Ele havia demonstrado impaciência com Putin, enquanto parecia se aproximar de Zelenski.
As ações do presidente americano foram recebidas friamente na Europa, onde os líderes viram repetidamente Trump mudar de posição sobre a Ucrânia após conversar com Putin.
Trump escreveu no Truth Social na manhã de sábado que havia conversado por telefone com Zelenski e alguns líderes europeus após sua reunião com Putin. Ele afirmou que “foi determinado por todos” que era melhor ir diretamente à negociação de um acordo de paz sem primeiro implementar um cessar-fogo.
Líderes europeus, pública e privadamente, não endossaram a afirmação de Trump. Eles emitiram uma declaração com ameaças de aumentar as sanções econômicas contra a Rússia “enquanto a matança da Ucrânia continuar”.
Zelenski, que ficou de fora da cúpula do Alasca, afirmou em um comunicado que ele e Trump iriam discutir na segunda-feira “todos os detalhes sobre o fim da matança e da guerra”.
A Ucrânia se viu na margem com o que Trump e Putin haviam discutido e aumentou os esforços para participar das discussões, que afetam diretamente o futuro do país. Na segunda, Zelenski viaja para Washington para se encontrar com o líder americano. Uma autoridade informada do assunto afirmou que Kiev não entende por que Trump deixou de lado a exigência de um cessar-fogo antes de negociações.
O entendimento é de que o início de negociações antes de qualquer trégua oferecem vantagens à Rússia, que tem conquistado novos territórios na Ucrânia nas últimas semanas. Os russos controlam toda a região de Luhansk e cerca de 75% de Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.
Líderes europeus se mobilizaram para apoiar a Ucrânia e expressar cautela em relação à Rússia. Eles não endossaram a mudança de posição de Trump sobre como alcançar a paz, nem a contradisseram abertamente. Uma reunião virtual com os líderes da França, Reino Unido e Alemanha está marcada para domingo.
Fonte: Terra.