Donald Trump disse ontem que decidirá “nas próximas duas semanas” se os EUA participarão ou não diretamente dos ataques israelenses ao Irã.
“Com base no fato de que há uma possibilidade substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã num futuro próximo, tomarei minha decisão sobre ir ou não ir nas próximas duas semanas”, disse Trump, em um comunicado lido pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Netanyahu tem pressionado os EUA a usar suas bombas antibunker GBU-57 na tentativa de destruição das instalações nucleares do Irã em Fordo, que ficam a mais de 80 metros de profundidade.
A eventual entrada dos EUA divide a base política de Trump e sofre forte oposição de porta-vozes do movimento ultraconservador MAGA (Make America Great Again) – como o ex-assessor de Trump, Steve Bannon, e o ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson.
Políticos mais ligados à ala conservadora do Partido Republicano, como os senadores Ted Cruz e Lindsey Graham, pressionam Trump a aderir à ofensiva de Netanyahu.
Europa tenta levar Irã de volta à mesa de negociações
Os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França, Alemanha e da União Europeia se reúnem hoje com o chanceler iraniano Abbas Araghchi, em Genebra, na tentativa de convencer o Irã a voltar à mesa de negociações sobre seu programa nuclear com os EUA.
Araghchi, porém, condicionou a participação do país em conversas com os EUA ao fim do bombardeio israelense.
“Não há espaço para negociações com os EUA até que a agressão israelense pare”, disse, hoje, à TV estatal iraniana.
Trump exige que o Irã abandone completamente seu programa nuclear de enriquecimento de urânio, mesmo que para fins não militares.
Signatário do Acordo de Não Proliferação de Armas Nucleares, o Irã rejeita a demanda. Mesmo que EUA e Irã voltem a negociar, não há garantias de que Israel suspenderá os ataques ao país islâmico. EUA e Irã já estavam em negociação na semana passada, quando a iniciativa foi interrompida justamente pelo ataque israelense e pela tentativa de assassinato, pelas forças de Netanyahu, a Ali Shamkhani, principal negociador do Irã com os EUA.
Unicef alerta para risco de morte de crianças por sede em Gaza
A Unicef alertou hoje que a Faixa de Gaza corre o risco de sofrer uma “seca provocada pela ação humana” e que, se o bloqueio israelense não for suspenso, “crianças começarão a morrer de sede”.
Segundo James Elder, porta-voz da agência da ONU para a proteção da infância, apenas 87 das 217 estações de tratamento de água do território palestino estão funcionando.
“Nenhum desses problemas é logístico ou técnico. São políticos. A negação se tornou política de Estado. Se houver vontade política, a crise da água será amenizada da noite para o dia.”
Segundo a Unicef, o número de crianças de seis meses a cinco anos de idade internadas para tratamento de desnutrição aumentou em 50% de abril a maio em Gaza e há meio milhão de pessoas passando fome.
Ativistas pró-palestinos atacam aviões militares britânicos
Ativistas pró-palestinos invadiram hoje uma base da Força Aérea britânica Real e danificaram dois aviões usados em reabastecimento e transporte de equipamento militar.
Os manifestantes jogaram tinta vermelha no motor das aeronaves Voyager e usaram pés-de-cabra para provocar estragos. A ação foi assumida pela Palestine Action.
Na rede social X, o grupo afirmou que “apesar de condenar publicamente o governo israelense, o Reino Unido continua a enviar cargas militares, a pilotar aviões espiões sobre Gaza e a reabastecer caças americanos/israelenses”.
O primeiro-ministro Keir Starmer classificou a ação como “vandalismo” e “vergonhosa” em uma postagem no X.
“É nossa responsabilidade apoiar aqueles que nos defendem”, disse, em nota, o Ministério da Defesa.
Os ataques israelenses à Faixa de Gaza já mataram mais de 55 mil palestinos, quase 3% da população do território.
A ofensiva israelense começou após o ataque do Hamas que deixou cerca de 1.200 mortos e fez 251 pessoas reféns em Israel, em 7 de outubro de 2023.
Fonte: UOL.