O presidente Donald Trump afirmou nesta sábado (27) que, a pedido da Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, está ordenando ao secretário da Guerra, Pete Hegseth, que “forneça todas as tropas necessárias para proteger Portland, devastada pela guerra, e quaisquer de nossas instalações do ICE, agência de imigração, sob cerco por ataques da Antifa e outros terroristas domésticos.”
Trump também disse que está “autorizando o uso da força total, se necessário” para garantir a segurança dessas áreas.
A Casa Branca não forneceu comentários adicionais quando foi procurada pela CNN para esclarecer o que o presidente quis dizer com “força total” e quais tropas seriam enviadas para a cidade.
Isso ocorre após um tiroteio em uma instalação do ICE em Dallas, Texas, realizado por um atirador que, segundo os investigadores, pretendia atingir funcionários e propriedades do ICE. Ele matou um detento e feriu gravemente outros dois.
No início de setembro, Trump disse a repórteres no Salão Oval que Portland não estava necessariamente em seu radar como uma cidade onde intervenção federal era necessária, mas afirmou, sem apresentar provas, que “terroristas pagos” estão causando estragos na cidade, que, segundo ele, sua administração irá “eliminar”.
“São agitadores pagos, e eles são muito perigosos para o nosso país. E quando formos lá, se formos a Portland, nós vamos eliminá‑los”, disse Trump no Salão Oval na sexta‑feira (26). “Eles vão desaparecer, e eles vão desaparecer. Eles nem vão aguentar a luta. Eles não vão ficar lá.”
Entenda o que é o movimento Antifa
O nome Antifa é vagamente aplicado a grupos de esquerda ou anarquistas vestidos de preto que aparecem em protestos contra a polícia ou o governo nos Estados Unidos.
Porém, ele também tem sido usado por diversos grupos de direita, incluindo Trump, como uma referência genérica a qualquer tipo de atividade de protesto de esquerda.
Diferentemente de grupos de ultradireita como o Proud Boys e o Oath Keepers, a Antifa nunca teve um líder, nem possui hierarquia ou estrutura de comando.
E por ser um movimento doméstico dos EUA, a Antifa possui proteções da Primeira Emenda da Constituição americana — ao contrário da lista do Departamento de Estado dos EUA de organizações terroristas estrangeiras, incluindo grupos islâmicos e cartéis de drogas que a administração Trump designou como grupos terroristas este ano.
O termo tem raízes nos movimentos antifascistas que se opuseram ao ditador italiano Benito Mussolini durante a Segunda Guerra Mundial e que combateram grupos supremacistas brancos ou skinheads por toda a Europa durante a Guerra Fria antes de se estabelecer nos EUA.
O uso do termo cresceu rapidamente em popularidade desde a primeira posse de Trump, durante a qual pequenos grupos de agitadores de esquerda participaram de casos de vandalismo e incêndio em Washington, DC.
O termo explodiu depois que grupos de esquerda apareceram para se opor aos neonazistas e supremacistas brancos que marcharam em Charlottesville, na Virgínia, em 2017.
Na época, grupos de esquerda e direita se enfrentaram em uma série de brigas de rua do tipo que se tornaram sinônimo do movimento Antifa, e continuaram durante o primeiro mandato de Trump.
Os grupos têm sido associados a regiões do Noroeste do Pacífico, incluindo cidades como Seattle e Portland.
Integrantes de grupos de protestos classificados como extrema-esquerda nos EUA frequentemente usam roupas pretas e máscaras para ocultar suas identidades. Em algumas ocasiões, atacaram jornalistas e outras pessoas que os filmavam durante manifestações.
Fonte: CNN.