O crescente coro de declarações anti-Israel da Turquia, particularmente quando se trata da mistura tóxica de retórica nacionalista religiosa e extrema nacionalista do partido no poder, está se tornando uma ameaça crescente a Israel e à estabilidade regional.
Depois que a Turquia anunciou que transformaria a Basílica de Santa Sofia em uma mesquita, o presidente Recep Tayyip Erdogan disse que Ancara “libertaria” Al-Aqsa em seguida. Nos últimos meses, o ministério de assuntos religiosos da Turquia e outras vozes do governo enviaram repetidamente uma mensagem alegando que desejam “unir a comunidade islâmica” contra o Estado de Israel.
A retórica de Ancara é cada vez mais um lembrete de como a retórica anti-Israel do Irã começou na década de 1970 e depois se transformou em uma ameaça existencial potencial de natureza nuclear. A liderança religiosa do Irã, como a liderança inspirada pela Irmandade Muçulmana do Partido AK na Turquia, vê o mundo através de uma lente binária. Existe o “ummah islâmico” e depois todo mundo. Para os atuais líderes do Irã e da Turquia, o aumento do extremismo religioso aponta para um desejo de mobilizar a região contra Israel.
Durante anos, a principal narrativa foi que, embora o Irã seja uma ameaça a Israel, Ancara e Jerusalém mantêm relações históricas. Mas essas relações mudaram radicalmente para pior após a guerra de 2009 em Gaza. Desde então, o que antes era um relacionamento fluente nos anos 90, tornou-se cada vez mais hostil em vários níveis. Há anti-semitismo na Turquia e a disseminação ativa das teorias da conspiração Israel-Israel. Também há mais mobilização de redes religiosas de extrema direita, como as que estão por trás da flotilha de Mavi Marmara, que tentaram quebrar o bloqueio naval imposto por Israel sobre a Faixa de Gaza.
Além disso, o atual governo da Turquia é um aliado próximo do Hamas. O Irã e a Turquia apoiam o Hamas, da mesma forma que tendem a ver o papel dos EUA no leste da Síria através de lentes hostis. A Turquia e o Irã também fizeram de Jerusalém – ou “Al-Quds”, como eles chamam – um centro de sua política externa. Por exemplo, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, mudou a embaixada em Jerusalém, foi a Turquia que convidou líderes muçulmanos a Istambul para condenar a mudança. A Turquia liderou a oposição à anexação e à mudança da embaixada.
Isso significa que as ameaças da Turquia a Israel não são apenas verbais, são também ideológicas e fazem parte de uma campanha cada vez mais religiosa que combina apoio a grupos como o Hamas com vontade de colocar em ação ideias como a flotilha. As tentativas de reconciliação com a Turquia fracassaram e Ancara agora está cada vez mais embriagada com o militarismo e a vontade de usar a força para conseguir o que quer.
A Turquia silenciosamente tentou fazer incursões através do Hamas em Gaza, bem como através de grupos religiosos no leste de Jerusalém, para aumentar sua influência. O município de Jerusalém recentemente teve que remover uma placa que grupos apoiados pela Turquia colocaram no leste de Jerusalém. O objetivo da placa era uma campanha silenciosa para reivindicar reivindicações da era otomana da Turquia na capital de Israel.