Devi* cresceu em um lar hindu na Índia, mas sempre se sentiu atraída pela vila vizinha, que era cristã. Ela ficou realmente interessada no Deus que eles adoravam e começou a participar dos eventos. “Eu amava participar dos cultos e ouvir sobre a Bíblia. Me dava paz conhecer sobre Jesus! Em um dos seminários, um professor nos ensinou como orar. Ele também disse que ‘Jesus nunca nos deixará, que somos dele e que ele prometeu cuidar de nós no futuro’”, relembra.
Como Devi explica, ela estava muito interessada, mas ainda não tinha aceitado a Cristo. Isso não aconteceu até Roshan* e Aarush* nascerem. Na mesma época, o marido de Devi a deixou e ela encontrou um evangelista itinerante que perguntou: “Você realmente acredita que Jesus é o nosso Deus?”. Ela respondeu: “Sim, eu acredito. Eu sempre quis me tornar cristã. Queria entregar o futuro dos meus filhos nas mãos de Jesus. Sabia que a vida não seria perfeita, haveria dificuldades e provações, mas eu desejava seguir a Cristo e ancorar minha vida nele”.
Ela conta que ao aceitar a Cristo, sua vida mudou. “Eu recebi paz e havia até um brilho em meu rosto. A vida dos meus filhos também foi transformada”. Devi relembra do momento com alegria e dor. Isso porque, com isso, ela foi rejeitada pela própria família. Ela não esperava por isso e ficou devastada quando os parentes do marido deixaram claro que não queriam ter nada a ver com ela. O futuro da família já havia sido impactado pelo abandono do marido, mas a rejeição os deixou ainda mais vulneráveis.
“Você envergonha a família por causa da sua fé! Mesmo se algo acontecer a você e seus filhos, não ajudaremos. Renuncie a sua fé ou nunca mais volte”, os parentes disseram. “Eles também queriam pegar meus filhos”, disse Devi. A decisão corajosa de Devi em seguir a Jesus significou perder sua segurança financeira e renda. Foi difícil, mas ela sabia que tinha tomado a decisão certa. “Eu não tenho mais família aqui, apenas Jesus. É difícil aceitar isso, mas não há volta” disse.
Encontrando outros cristãos
Roshan, um menino de 7 anos que vive na Índia, espera com expectativa pela chegada do Natal, mesmo enfrentando dificuldades por causa da fé cristã (foto representativa)
Devi e os filhos procuraram por outra casa, mas vila após vila se recusava a recebê-los por causa de sua fé. Em determinado momento, chegaram a uma vila isolada, no meio da floresta, e descobriram que cristãos viviam ali. Eles não podiam conter sua alegria. Há pessoas com outras crenças, mas a maioria delas é cristã. Finalmente, encontraram um lugar para começar uma nova vida. Embora não tivessem recursos financeiros, construíram uma pequena cabana de varas de bambu. Apesar de saber que a vida ainda seria difícil, aquele era seu lar.
A cristã conseguiu um emprego em que, apesar de ganhar pouco, conseguia comprar comida para os filhos. É uma comunidade preciosa onde, se alguém não consegue o trabalho diário, os outros ajudam. Quando parceiros locais da Portas Abertas souberam sobre esses cristãos, a maioria rejeitado por outras comunidades, imediatamente descobriram como poderiam ajudar. “Agora eu recebo mantimentos, como arroz, batata, óleo, açúcar, além de sabão, roupas para as crianças e cobertores”, disse Devi com gratidão. Outros cristãos na comunidade recebem os mesmos itens, mas esse foi apenas o primeiro passo.
Outra necessidade identificada foi que as crianças dessa comunidade queriam ser tratadas como as demais, queriam um futuro melhor. Então, os parceiros da Portas Abertas começaram uma escola ponte na comunidade. Quando Roshan soube sobre a nova escola, ficou curioso. Antes, tudo que podia fazer era coletar lenha, carregar água e esperar a mãe chegar em casa. Agora, ele tem uma oportunidade de educação.
Toda criança deve ter o direito de aprender, isso deu a Roshan uma oportunidade de crescimento. Devi disse: “Estou muito feliz. Por causa da escola ponte, meus filhos podem aprender, escrever e cantar. Eu não posso pagar uma escola normal, mas essa escola dá a chance dos meus meninos estudarem de graça! Estou feliz que ela não foca apenas na educação, mas também no alimento espiritual”, ela acrescenta. “Meu professor disse que Jesus me ama, igual minha mãe”, explicou Roshan.
“Há 29 alunos de outras comunidades e religiões. Como professor, espero que a escola faça algo pelo futuro das crianças. Seja por meio de educação, ministério ou sociedade. Eu oro sempre para que essas crianças consertem as partes quebradas deste mundo e compartilhem o evangelho. Desde que a escola ponte começou, as crianças mudaram muito, como vivem e falam umas com as outras. Até os pais aprenderam a conversar e ter amizade uns com os outros”, explica Aarti*, professor de Roshan.
Natal na escola ponte
Crianças na Ásia, como Roshan e seu irmão, são privadas de seus direitos básicos apenas por deixarem a fé tradicional local e se tornarem seguidoras de Jesus
Há uma época do ano especial para Roshan: o Natal. “A melhor parte de ir à escola é durante o Natal, quando eu canto, danço e celebro o nascimento de Jesus com todos”, ele disse. “Nós ensinamos às crianças a história do Natal. Os pais também estavam muito interessados, tanto que vieram ver as crianças cantando, se apresentando e fazendo teatro”, acrescenta o professor.
Agora que vivem em uma comunidade de cristãos, o Natal é um tempo de alegria em que a família celebra abertamente. “No Natal, aproveitamos com os outros cristãos na vila. Todas as famílias se reúnem, cantam músicas, ouvem a palavra de Deus e cozinham juntas. É um tempo maravilhoso”, disse Devi feliz.
Apesar dos recursos limitados, as famílias celebram o Natal de sua própria maneira especial, distribuindo chocolates para as crianças, cantando canções e compartilhando a mensagem de Cristo. Com satisfação, se reúnem, trazem iguarias locais e têm comunhão uns com os outros.
Estar em uma comunidade cristã é precioso para a família, mas a vila passa longe do luxo. Pelo contrário, eles vivem em pobreza severa. “Não há eletricidade, água, estradas ou instalações médicas”, conta Devi. Chegar à vila com chuva é difícil e o transporte só está disponível duas vezes ao dia. Parceiros da Portas Abertas estudam como fornecer água potável para a vila, afinal há diversas outras vilas onde famílias cristãs marginalizadas também vivem em condições similares.
“A vida cristã me traz alegria apesar de todos os desafios que enfrentamos. O melhor é que Deus não precisa de qualquer oferta, sacrifício ou dinheiro para nos amar. Ele nos ama tanto que pagou aquele preço na cruz. Quando era hindu, fiz muitos sacrifícios e dei dinheiro para orarem por minha família e filhos. Hoje sei que Jesus ouve minhas orações e envia pessoas como vocês para nos ajudarem”, disse Devi.
Continue orando e apoiando crainças cristãs corajosas, como Roshan. Com sua ajuda, elas podem ter um futuro melhor. Outras crianças também precisam da ajuda que Roshan está recebendo para que tenham direito a educação, uma comunidade saudável e diversão, tanto hoje quanto a longo prazo. Garanta que a próxima geração de cristãos seja preparada para se manter seguindo a Jesus, apesar da rejeição e da perseguição.
*Nomes alterados por segurança.