Moscou afirmou hoje que uma “catástrofe” foi evitada depois que um avião russo foi forçado a alterar seu curso para evitar um avião espião da Otan sobre o Mar Negro. “Uma catástrofe foi evitada (…), mas isso não significa que os Estados Unidos e a Otan possam continuar a arriscar vidas impunemente”, revela em nota a porta-voz da diplomacia Russa, Maria Zakharova.
De acordo com a Agência Russa de Aviação Civil (Rosaviatsia), o incidente ocorreu na manhã de sexta-feira (3), quando o avião espião “desceu de forma rápida”, cruzando uma rota aérea mostrada no plano de voo de um Airbus Aeroflot, que operava entre Tel Aviv e Moscou com 142 pessoas a bordo.
“A direção e altitude do avião civil foram imediatamente alteradas”, continuou Rosaviatsia em um comunicado enviado à AFP neste domingo, acrescentando que a tripulação do dispositivo espião não respondeu às mensagens dos controladores.
A agência de notícias russa Interfax informou que o avião russo mergulhou 500 metros para se manter afastado do avião de reconhecimento, e que seus pilotos puderam vê-lo da cabine. Outra aeronave menor, um jato CL-650 que voou de Sochi para Skopje, também alterou seu curso por causa do avião espião, afirma Rosaviatsia.
“O aumento da atividade de voos de aeronaves da Otan perto das fronteiras da Rússia (…) cria um risco de acidentes perigosos envolvendo aeronaves civis”, acrescentou ainda Rosaviatsia, antecipando que iria “protestar” por via diplomática. A agência russa não especificou a nacionalidade do dispositivo espião, mas Zakharova acusou a Força Aérea dos Estados Unidos em sua declaração de “representar um risco para a aviação civil”.
Ameaça de invasão
A mídia russa também informou que caças russos foram despachados para a região do Mar Negro na sexta-feira para escoltar dois aviões de reconhecimento dos EUA. Nem a Otan nem os Estados Unidos reagiram imediatamente a essas acusações. O incidente ocorre em meio a tensões crescentes entre a Rússia e os países ocidentais, que acusam Moscou de reunir tropas nas fronteiras da Ucrânia em preparação para uma invasão.
A Rússia nega qualquer plano nesse sentido e acusa os países da Otan de multiplicar as “provocações”, notadamente com recentes exercícios militares perto de suas fronteiras no Mar Negro, área que Moscou considera seu lar.
Uma reunião por videoconferência entre Joe Biden e Vladimir Putin está prevista para a próxima terça-feira (7).
Fonte: RFI.