Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, estava na lista de passageiros de um avião que caiu nesta quarta, 23, na região de Tver. Relatos não confirmados da imprensa diziam que o jato pertencia a Prigozhin, fundador do grupo militar privado Wagner.
A informação foi divulgada pela Rosaviatsiya, Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia. “Uma investigação do acidente com avião da Embraer que aconteceu na região de Tver nesta noite foi iniciada. O nome de Yevgeny Prigozhin estava na lista de passageiros”, disse a entidade, em comunicado.
O avião fazia um voo particular de Moscou para São Petersburgo, com sete passageiros e três funcionários. Todos morreram no acidente, segundo a agência de notícias russa Tass. A queda ocorreu após cerca de 30 minutos de voo, e a aeronave pegou fogo após a queda.
O jato usado no voo era um Embraer Legacy 600, que decolou às 17h59 na hora local, segundo o site de rastreamento FlightRadar24. Ele estava a 8.500 metros de altitude quando parou de enviar os dados, subitamente. Ainda não informações oficiais sobre a causa da queda. O sinal foi perdido em uma área rural onde não há pistas onde o jato pudesse pousar.
Circulam pelo Telegram vídeos, cuja autenticidade não pôde ser confirmada, em que aparecem um avião caindo e destroços de uma aeronave em chamas. Segundo um encarregado dos serviços de emergência citado pela Ria Novosti, foram encontrados os corpos de oito pessoas no local onde o avião caiu.
Na segunda-feira, Prighozin publicou no Telegram um vídeo em que ele aparecia na África. Foi o primeiro vídeo que divulgado por ele desde que ocorreram os desentendimentos com o exército russo. Ele dizia que Wagner estava para realizar missões de busca e reconhecimento e a “tornar a Rússia ainda maior em todos os continentes e a África ainda mais livre”.
A reação de Putin
Enquanto as buscas prosseguiam, o presidente russo, Vladimir Putin, participava de uma cerimônia comemorativa da batalha de Kursk, durante a Segunda Guerra Mundial, na qual evitou fazer qualquer alusão ao acidente. Em discurso nesta região, que faz fronteira com a Ucrânia, Putin elogiou, diante de soldados mobilizados na ofensiva no país vizinho, aqueles que “combatem com coragem e determinação”. “A devoção à pátria e a lealdade ao juramento militar unem todos os participantes da operação militar especial”, disse, em alusão à ofensiva iniciada pelas tropas russas em fevereiro de 2022.
Putin havia chamado Prigozhin de “traidor” quando ele liderou, no fim de junho, uma rebelião dos mercenários do Wagner contra o estado-maior russo e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, tomando quartéis no sul da Rússia e iniciando uma marcha rumo a Moscou. Mas o motim foi interrompido menos de 24 horas depois, após um acordo que previa a partida de Prigozhin para Belarus e que os milicianos do grupo Wagner se incorporassem ao exército regular russo.
“Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas não estou surpreso” com a notícia da possível morte de Prigozhin, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, acrescentando que “não há muita coisa que aconteça na Rússia que Putin não esteja por trás. Mas não sei o suficiente para saber a resposta”.
O assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, deu como certa a morte do líder do Wagner. “A eliminação espetacular de Prigozhin (…) é um sinal de Putin para as elites russas antes das eleições [russas] de 2024”, afirmou na rede social X (antigo Twitter).
Depois de a rebelião de junho ter sido abortada, parte dos milicianos do Wagner, muitos recrutados em prisões russas, participaram da formação das forças armadas de Belarus. Na Ucrânia, os milicianos tiveram um papel estratégico na conquista da cidade de Bakhmut (leste), após uma das batalhas mais sangrentas do conflito.
Quem é Yevgeny Prigojin, líder do grupo Wagner
Prigojin nasceu em São Petersburgo em 1961 e foi preso por cometer pequenos delitos na adolescência e foi condenado por quase 10 anos. Quando saiu da prisão, ele e sua mãe começaram a vender cachorro quente e depois abriram um restaurante. Foi quando ele conheceu Vladimir Putin. Ele se tornou um oligarca rico após conseguir contratos lucrativos de refeições com o Kremlin, e ficou conhecido como o “chef de Putin”.
Ele fundou o grupo Wagner, em 2014, para ser um grupo paramilitar que lutaria em qualquer causa apoiada pela Rússia, em qualquer lugar do mundo. Com a guerra na Ucrânia, Putin utilizou os mercenários no conflito. Segundo estimativas, os paramilitares chegaram a ter mais de 20 mil soldados na guerra da Ucrânia.
Rebelião contra Putin
No entanto, em junho deste ano, Prigojin se rebelou. Ele acusou o Exército de Moscou de bombardear suas bases e convocou a população a se revoltar contra o comando militar.
Em seguida, ele iniciou uma marcha em direção a Moscou. Em uma operação de 24 horas que levou seus homens a menos de 400 quilômetros da capital, Prigozhin desafiou frontalmente a autoridade do presidente russo, antes de recuar e ordenar que seus combatentes voltassem às suas bases, após mediação do presidente bielorruso, Alexander Lukashenko, o único aliado do Kremlin na Europa.
Depois da rebelião, o Wagner deixou de lutar na Guerra da Ucrânia e seus membros puderam se asilar em Belarus. Prigojin voltou a Moscou, mas seguia com situação indefinida em relação ao governo Putin.
Fonte: EXAME.