O movimento islâmico Hamas, no poder por mais de uma década na Faixa de Gaza, anunciou nesta segunda-feira (31) um acordo para encerrar as trocas quase diárias em agosto de tiros com Israel.
“Após diálogos e diversos contatos, o último com o emissário do Catar, Mohamed el Emadi, foi alcançado um acordo para conter a escalada e pôr fim à agressão sionista contra nosso povo”, disse o Hamas em um comunicado.
O emissário do Catar para a Faixa de Gaza chegou nesta terça à noite ao território palestino com uma ajuda financeira e propostas para tentar acalmar a situação entre o movimento islâmico Hamas e Israel, informaram à AFP fontes próximas ao caso.
Ajuda aos palestinos
De acordo com estas fontes do entorno de Mohammed al-Emadi, o enviado catariano para Gaza, o emissário chegou com uma ajuda de 30 milhões de dólares para o território palestino, onde vivem dois milhões de habitantes, metade dos quais abaixo da linha da pobreza, e se reunirá ainda nesta terça-feira à noite com as autoridades locais do Hamas.
A chegada de Al-Emadi acontece em um contexto tenso: desde 6 de agosto, o Hamas aumentou o número de lançamentos de balões incendiários e foguetes contra Israel, enquanto o Estado judaico, em represália, bombardeia diariamente a Faixa de Gaza.
Bloqueio
Em resposta aos lançamentos de balões incendiários, que causaram mais de 400 incêndios em Israel -de acordo com os relatórios dos bombeiros locais-, o estado judaico também endureceu o bloqueio sobre Gaza, fechando o posto de troca de mercadorias de Kerem Shalom e interrompendo o fornecimento de combustível para o território palestino.
A única central elétrica da Faixa de Gaza precisou interromper o serviço na semana passada e o território tem menos de quatro horas diárias de eletricidade, fornecida por Israel.
A represália poderá ter “efeitos devastadores”, alertou nesta terça-feira a ONU, após as autoridades palestinas descobrirem um surto de novos casos de COVID-19 em um campo de refugiados local.
De acordo com fontes próximas à delegação catariana, os israelenses afirmaram ao emissário Al-Emadi que estão dispostos a retomar o envio de combustível para fazer a central elétrica de Gaza voltar a funcionar e aliviar o bloqueio, desde que sejam suspensos os lançamentos de balões incendiários.
Apesar da trégua decretada no ano passado, apoiada pela ONU, pelo Egito e pelo Catar, Hamas e Israel seguem se enfrentando esporadicamente.
O acordo prevê a concessão de uma ajuda financeira de 30 milhões de dólares mensais por parte do Catar e a implementação de várias medidas econômicas, com a ampliação de uma zona industrial em Gaza e a distribuição de autorizações de trabalho israelenses para habitantes do território palestino, com o objetivo de reduzir a pobreza e estabilizar a situação.
Fontes concordantes, contudo, afirmam que as tensões recentes entre Israel e o Hamas devem-se, principalmente, às divergências sobre estas medidas.
Fonte: AFP.