A China planeja ter uma rede de 690.000 estações base 5G até ao final de 2020, contra os 50.000 atuais dos EUA, e têm velocidades superiores, constatam analistas.
A China mantém um status de liderança em certos aspetos na 5G, mas a tecnologia assim como os veículos autônomos ou as casas automatizadas, está mudando os estilos de vida em todo o mundo, e ainda está longe de ser amplamente utilizada tanto na China como nos Estados Unidos, indicam especialistas.
Em termos da extensão dos benefícios para os consumidores e a indústria 5G, não há muita diferença entre os dois países, diz Edison Lee, um analista de telecomunicações do banco de investimentos norte-americano Jefferies que vive em Hong Kong.
No entanto, “se você olhar para o progresso em termos de construção da rede, a China está muito à frente”, comenta.
Até o final do ano, a China terá aproximadamente 690.000 estações base 5G, que levam o sinal aos consumidores em todo o país, enquanto os EUA têm apenas 50.000, de acordo com Handel Jones, diretor administrativo da empresa de pesquisa International Business Strategies, Inc.
Este fato ajudou as empresas chinesas de smartphones a obter uma vantagem no lançamento de produtos habilitados para 5G. A gigante tecnológica Apple não lançou seu primeiro dispositivo 5G até outubro de 2020, e os consumidores americanos só tinham 16 smartphones de 5G para escolher a partir de setembro, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Canalys. Na época, os usuários chineses já possuíam 86 dispositivos.
Além disso, no país mais populoso do mundo, os smartphones 5G têm um preço médio de $458 (R$ 2.480), enquanto nos Estados Unidos seu preço é de US$ 1.079 (R$ 5.842).
Os analistas atribuem a liderança da China no desenvolvimento da tecnologia 5G em grande parte à mão de Pequim, que estabeleceu metas agressivas para a conectividade 5G às operadoras públicas de telecomunicações do país. Essa abordagem mais precisa também levou ao desenvolvimento de velocidades mais elevadas, diz Wayne Lam, diretor de pesquisa da empresa de analítica CCS Insight.
O país norte-americano, por outro lado, tem uma cobertura mais fragmentada de 5G, e velocidades irregulares. Por exemplo: o 5G super-rápido existe em alguns lugares públicos, tais como estádios, mas é mais lento em outros lugares nos Estados Unidos.
Aplicação de 5G na China
Para estimular o desenvolvimento de serviços que vão capitalizar a tecnologia 5G, a China está testando diferentes aplicações e incentivando diferentes indústrias a pensar sobre como usar esta rede, diz Lee, incluindo a Huawei, que promoveu dispositivos 5G que permitem o diagnóstico remoto da COVID-19. Outro exemplo foi o anúncio em outubro de 2020 feito pela empresa estatal de mineração Shandong Energy Group Co. sobre o lançamento de uma rede 5G que transmite sinais em minas subterrâneas de carvão.
Estas aplicações ainda são embrionárias e não está claro se serão amplamente utilizadas, dizem os analistas.
O desenvolvimento da rede 5G na China não está isento de suas falhas. Ryan Ding, presidente do Grupo de Negócios de Operadores da Huawei, revelou que a rede 5G do país asiático cobre apenas 8% da população, enquanto que na Coreia do Sul ela cobre 25% população, e é mais lenta do que a da Coreia do Sul, Suíça e outros países.
Ele também lembra que vários smartphones chineses mostram um logotipo 5G em suas telas, mesmo que eles só consigam se conectar a redes 4G, e em outros casos, a conexão é intermitente entre as redes 5G e 4G. Porém, Ding ressalta o fato de Pequim ter construído a rede em um território muito maior.
“A China construiu agora a mais extensa rede 5G do mundo”, diz Ding.
Em 2019, a China anunciou, em meio à disputa com os EUA sobre a instalação de redes 5G, a criação de “um grupo de trabalho para o desenvolvimento da rede de sexta geração”, projeto que ainda estava em sua fase inicial, mas que consiste em “uma combinação de uma rede sem fio e um satélite espacial, algo que ajudará a cobrir uma área mais ampla”.