O rei Abdullah da Jordânia levantou a possibilidade de formar uma aliança militar no Oriente Médio semelhante à OTAN, ao mesmo tempo em que aponta o conflito israelo-palestino como um obstáculo potencial para tal iniciativa.
Em entrevista à CNBC divulgada na sexta-feira, o monarca disse que seria “uma das primeiras pessoas [que] endossaria uma versão do Oriente Médio” da Organização do Tratado do Atlântico Norte, observando a crescente importância da cooperação regional à luz dos desafios criado pela guerra na Ucrânia.
“Todos nós estamos nos reunindo e dizendo ‘como podemos ajudar uns aos outros'”, disse ele, observando que a cooperação é “muito incomum para a região”, mais conhecida por conflitos quase constantes.
A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de trigo, milho e óleo de girassol, mas a invasão da Rússia e o bloqueio de seus portos interromperam grande parte desse fluxo, colocando em risco o abastecimento de alimentos para muitos países em desenvolvimento , especialmente na África e no Oriente Médio.
Abdullah disse que os países do Oriente Médio agora percebem que trabalhar juntos eventualmente servirá a seus próprios objetivos, exigindo também mais compartilhamento de recursos.
“Se eu estiver bem e você não, vou acabar pagando o preço” porque os projetos regionais serão afetados, disse ele à CNBC. “Espero que o que você esteja vendo em 2022 seja essa nova vibração… na região [onde dizemos], ‘como podemos nos conectar e trabalhar uns com os outros’”.
Mas o rei jordaniano apontou para certos atores e desenvolvimentos na região que poderiam prejudicar a colaboração regional, como sua proposta semelhante à da OTAN.
Ele argumentou que o conflito israelense-palestino é um desses obstáculos. “Se [israelenses e palestinos] não estão conversando entre si, isso cria inseguranças e instabilidade na região que afetará os projetos regionais”, disse ele.
Abdullah posteriormente apontou para o Irã, dizendo que o papel da República Islâmica na região é problemático.
“Ninguém quer guerra, ninguém quer conflito”, disse ele vagamente sobre o Irã, vislumbrando um futuro em que “prosperidade é o nome do jogo”.
Abdullah evitou criticar o regime em Teerã, mas fez questão de expressar sua oposição às milícias xiitas apoiadas pelo Irã na fronteira da Jordânia com a Síria, que o rei argumentou ter sido uma fonte de instabilidade.
O monarca disse que as milícias xiitas preencheram um vácuo na Síria que foi criado quando algumas forças russas deixaram o país para se concentrar na invasão da Ucrânia. Abdullah chegou a chamar a presença russa na Síria de “coisa boa” e “fonte de estabilidade”.