Um dia após a Corte Internacional de Justiça determinar que Israel interrompa todas as operações militares em Rafah, no sul de Faixa de Gaza, o país desrespeitou a ordem e bombardeou a região. Câmeras flagraram fumaça preta em vários pontos da cidade.
A Corte é o tribunal mais alto da Organização das Nações Unidas (ONU) para julgar disputas entre Estados. Na sexta-feira (24), o órgão determinou não só o fim das operações em Rafah, mas também a permissão da entrada de ajuda humanitária.
São decisões que deveriam obrigatoriamente ser obedecidas, apesar de o tribunal não dispor de força policial para garantir o cumprimento delas.
O governo israelense disse que as justificativas apresentadas pelo órgão da ONU são “falsas, ultrajantes e nojentas” e que a campanha militar “não levou e não vai levar à destruição da população palestina civil em Rafah”.
Afirmou também e que continuará sua operação na cidade “respeitando o direito internacional”. Para o ministro israelense das Finanças, Bezalel Smotrich, a ordem de interromper os ataques é “uma demanda para que Israel não exista”.
Pedido de emergência foi apresentado pela África do Sul
Semana de sentenças aumentam pressão diplomática sobre Netanyahu
A sentença da Corte foi proferida diante de um pedido de emergência apresentado pelo governo da África do Sul ao tribunal, sediado em Haia, na Holanda. O governo sul-africano acusa as forças israelenses de genocídio, o que Israel nega, alegando legítima defesa.
O líder da oposição de Israel, Yair Lapid, criticou a medida da CIJ, que chamou de um “colapso moral e um desastre moral” por não determinar também que o Hamas devolva todos os reféns.
Início das ofensivas em Rafah
- Israel lançou a ofensiva à cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, no início deste mês, apesar da forte pressão contrária da comunidade internacional, inclusive dos Estados Unidos.
- O receio dos outros países era que houvesse um massacre na cidade, considerada o “último refúgio” de palestinos que fugiram de incursões de Israel no norte e no centro do território palestino.
- Atualmente, há cerca de 1,5 milhão de pessoas em Rafah, mais da metade da população total da Faixa de Gaza.
- A cidade, que faz fronteira com o Egito, também tem sido a principal rota de entrada de ajuda humanitária — já que as outras vias de saída de Gaza, todas em fronteiras com Israel, foram fechadas no início da guerra entre Israel e o Hamas.
- No entanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou os pedidos externos e alegou que Rafah é também o último bastião de poder do Hamas, e, por isso, seguiria até o fim com seu plano.
Processo na CIJ
Governo israelense rejeita acusação de genocídio e acusa África do Sul de defender o Hamas
O caso mais amplo da África do Sul na CIJ acusa Israel de orquestrar um genocídio liderado pelo Estado contra o povo palestiniano. A corte ainda não se pronunciou sobre o conteúdo dessa acusação, mas rejeitou a exigência de Israel de arquivar o caso.
Em decisões anteriores, o tribunal ordenou a Israel que evitasse atos de genocídio contra os palestinianos e permitisse o fluxo de ajuda para Gaza, ao mesmo tempo que não ordenava a suspensão das operações militares israelenses.
Israel lançou a sua guerra aérea e terrestre contra Gaza em outubro, após militantes liderados pelo Hamas invadirem comunidades do sul do país, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns.
Desde então, mais de 35 mil palestinos, a grande maioria na Faixa de Gaza, foram mortos na ofensiva israelense, afirma o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Fonte: G1.