A Organização Mundial Meteorológica (OMM) emitiu mais um alerta vermelho climático para as altas temperaturas globais e projeta que 2024 caminha para terminar como o ano mais quente da história das medições desde 1850. As atualizações foram destaque na abertura da COP29 no Azerbaijão.
Clima extremo está impactando o mundo todo
Os especialistas em clima já acreditavam nesta tendência após os meses consecutivos de recordes de temperaturas no ar e no mar em 2023, evidenciando o ritmo acelerado das mudanças climáticas em decorrência dos níveis cada vez maiores da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
Além do novo possível recorde, a década de 2015 à 2024, ficará entre os dez anos mais quentes já registrados no planeta. O ritmo da elevação do nível do mar e do aquecimento dos oceanos também preocupam os cientistas.
Acordo de Paris em perigo
Mais uma vez a meta do Acordo de Paris, firmado em 2015, para limitar o aumento da temperatura global do planeta a 1,5°C ou abaixo dos 2°C comparado aos níveis pré-industriais, está em perigo.
Dados divulgados pela OMM até agora, mostram que a temperatura média global de janeiro a setembro de 2024 foi de 1,54°C, com uma margem de incerteza em torno de 0,13°C, acima da média do período pré-industrial.
A marca dominante depois de um 2023 recorde, foi impulsionada ainda pelos efeitos do El Niño, especialmente nos primeiros meses do ano, dentro do cenário do aquecimento global.
A atualização mais recente do relatório Estado do Clima 2024 foi apresentada na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-29, em Baku, no Azerbaijão, dia 11 de novembro. A Conferência do Clima segue até o dia 22.
Ainda assim “como o aquecimento mensal e anual ultrapassa temporariamente 1,5 °C, é importante enfatizar que isso NÃO significa que falhamos em atingir a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global de longo prazo da superfície bem abaixo de 2 °C e devemos prosseguir com os esforços para limitar o aquecimento a 1,5°C”, declarou a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
Para a Secretária-Geral, todos os eventos extremos como as chuvas volumosas, inundações recordes, ciclones mais intensos, secas implacáveis, incêndios florestais violentos, “são infelizmente a nossa nova realidade e uma amostra do nosso futuro”.
No mundo todo os extremos climáticos estão piorando a insegurança alimentar, agravando a migração e o deslocamento da população, gerando danos enormes e perdas de vidas.
“Precisamos urgentemente reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer nosso monitoramento e compreensão das mudanças climáticas. Precisamos intensificar o apoio à adaptação às mudanças climáticas por meio de serviços de informação climática e alertas antecipados para todos”, disse Celeste Saulo no primeiro dia da COP-29.
Gases de efeito estufa
Os gases de efeito estufa atingiram níveis recordes em 2023 e os dados indicam que eles continuam aumentando em 2024.
A concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2), por exemplo, aumentou de cerca de 278 ppm em 1750 para 420 ppm em 2023, um aumento de 51%.
O CO2 é um dos gases principais responsáveis por reter o calor e fazer com que as temperaturas da superfície terrestre aumentem.