Anualmente, a Portas Abertas realiza a pesquisa da Lista Mundial da Perseguição (LMP). O período de pesquisa da LMP 2025 foi de 1 de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024. Um dos índices que mais causa impacto nos dados é o de violência. Ele inclui todo tipo de agressão direta que um cristão possa sofrer por crer em Jesus, como prisões, casas atacadas, violência sexual e ataques a edifícios e templos das igrejas locais.
Você pode ter um panorama desse contexto na página Violência. A seguir, encontre detalhes e esclarecimentos de possíveis dúvidas sobre esse assunto.
Qual o país mais violento para cristãos?
A Nigéria é a nação onde cristãos são mais atingidos pela violência. A nação ocupa a primeira posição na maioria dos tipos de violência (assassinatos, sequestros, abuso sexual e outros) nos últimos anos. Os grupos jihadistas que atuam no Oeste Africano, como o Boko Haram, os extremistas entre os fulanis e o ISWAP, buscam extirpar a presença cristã do país.
Eles atacam comunidades inteiras, matam os líderes cristãos e incendeiam as igrejas. Dessa forma, as comunidades cristãs ficam sem liderança, sem templo e assustadas. A outra estratégia é a violência sexual, que tira o valor social das mulheres perante a comunidade. Apesar de serem vítimas de um abuso, a perda da virgindade é considerada uma vergonha para as jovens, não para os abusadores.
Essa estratégia permite que as famílias cristãs sejam abaladas e as cristãs não se casem, consequentemente, não tenham filhos, nem formem novas famílias cristãs. Os efeitos dos ataques são tão intensos, que muitos escolhem fugir da região e deixam as igrejas e casas atacadas para trás, para começar uma nova vida.
O que são ataques a propriedades públicas cristãs?
São ataques a propriedades (terrenos, hospitais, escolas, universidades, asilos) de igrejas locais que funcionam como instituições públicas, ou seja, atendem toda a população local, sem acepção, contemplando alguma necessidade pública comum.
Em muitos países, a presença cristã é visível nas instituições públicas. Igrejas e comunidades cristãs fundam escolas, asilos e hospitais em regiões negligenciadas e oferecem atendimento público e acessível nesses espaços.
A maioria dessas propriedades é administrada pelas igrejas e, por causa desse vínculo, são alvos de ataques de extremistas. As ações dos extremistas nesses locais envolvem bombardeios, saques, incêndios e confisco das instituições.
O que são ataques a propriedades privadas cristãs?
As propriedades cristãs privadas são estabelecimentos, lojas e outras instituições com fins comerciais, de interesse particular, que pertencem a algum cristão. Pequenas vendas, roças com plantações e fábricas que pertencem a cristãos fazem parte dessa categoria.
Esses locais são alvos de ataques porque são responsáveis pelo sustento de famílias cristãs. Porque não negam a Jesus em comunidades ou países fechados, as lojas e as plantações de cristãos são destruídas para que eles não sobrevivam e assim decidam abandonar a fé em Cristo. A Portas Abertas atua ajudando muitas viúvas e outros cristãos que perderam a fonte de renda familiar a estabelecer um pequeno negócio, mantendo a sobrevivência e testemunhando o cuidado de Deus à família e servindo ao próximo com os bens que obtêm.
O que é considerado abuso físico e mental a cristãos?
Xingamentos, difamação e discriminação no trabalho ou escola são algumas das formas que caracterizam o abuso mental a cristãos. Esse tipo de ação é acompanhado de um contexto de pressão, com outras áreas da vida do cristão afetadas. Muitos jovens cristãos, nas escolas e universidades, são vítimas desse tipo de agressão, direta e pessoal, muitas vezes pública, cujo objetivo é constrangê-los e puni-los por serem seguidores de Jesus.
Por que tantas igrejas são fechadas em Ruanda?
Sob o pretexto de impedir que o genocídio dos anos 1990 se repita, o governo de Ruanda supervisiona toda a vida dos cristãos no país. As leis aprovadas nos últimos anos sobrecarregaram as organizações religiosas com complexidades burocráticas, o que resultou no fechamento de 4 mil igrejas e criou um ambiente em que os líderes cristãos são examinados com base em suas qualificações educacionais.
Ruanda ocupa a primeira colocação quando o critério é fechamento de igrejas, em seguida vem a China, Índia, Nicarágua, México e Sudão, com um total de casos que varia entre 182 e 1.000 propriedades afetadas em cada um. Como o acesso a dados precisos é difícil nesses países, a equipe de pesquisa da Portas Abertas estima valores arredondados com base em casos confirmados.
A diminuição dos números de violência significa que a perseguição diminuiu?
Não. Muitas vezes, os dados de violência diminuem porque o acesso a cristãos em certos países se tornou mais difícil, ou seja, menos pessoas conseguiram responder ao questionário da Lista Mundial da Perseguição.
Outra possibilidade é a de que a diminuição seja relacionada a novos casos ou características temporárias, como o exemplo da Nigéria. O número de cristãos mortos diminuiu porque o epicentro da violência se deslocou parcialmente do Centro-Norte, onde muitos cristãos vivem, levando a um menor número de vítimas cristãs que no último ano.
Por que cristãos são presos?
Cristãos são presos nos países da LMP porque a fé em Jesus é considerada uma blasfêmia para a religião predominante ou porque alguma característica da prática da fé cristã é considerada uma ameaça para a ideologia nacional, como demonstram os campos de trabalho forçado na Coreia do Norte e os cristãos presos por protestar contra irregularidades do governo na Nicarágua.
Na Índia, o país onde mais cristãos foram presos no período de pesquisa da LMP 2025, a conversão ao cristianismo é considerada uma traição à religião tradicional do país, o hinduísmo. Por isso, pastores e evangelistas são presos sob denúncia de pagar para as pessoas se tornarem cristãs ou sob outras falsas denúncias.
No contexto islâmico, o mesmo acontece com cristãos de origem muçulmana que deixaram o islamismo para seguir a Cristo. Em países como a Eritreia, cristãos que se reúnem fora das igrejas registradas, que são vigiadas pelo governo, podem ser presos durante décadas.
Qual a diferença entre sequestro e desaparecimento forçado?
O desaparecimento forçado é quando agentes do governo ou grupos terroristas raptam pessoas com o objetivo de tirá-las de cena, sem intenção de resgate. Essa estratégia é usada para silenciar líderes cristãos e deixar igrejas desamparadas de seus pastores. Nesses casos, a probabilidade de retorno das vítimas é pequena. Um dos casos mais conhecidos é o do pastor Koh.
Os sequestros são raptos com a intenção de obter vantagens e com grande possibilidade do retorno das vítimas. O objetivo nesses casos, além de obter dinheiro ou vítimas para abusos sexuais, é causar temor nas comunidades cristãs que se percebem vulneráveis ante as ações de grupos extremistas, como na Colômbia, na República Democrática do Congo e em muitas outras nações.
Por que alguns países têm dados de violência ocultos?
Alguns países são tão fechados ao evangelho que mesmo a pesquisa da Lista Mundial da Perseguição é difícil e perigosa de ser feita. Por isso, nesse caso, obtemos estimativas conservadoras, ou seja, menores do que a realidade e mantemos os dados em sigilo para proteger os cristãos nessas regiões.