A Rússia implementará duras medidas de retaliação se os países membros do Tratado de Céus Abertos fornecerem dados aos Estados Unidos após sua retirada do acordo e restringir os voos russos sobre instalações americanas na Europa.
A afirmação foi de Konstantín Gavrílov, chefe da delegação russa nas conversações sobre segurança militar e controle de armas realizadas em Viena, durante uma entrevista ao canal de televisão Rossíya-24.
“Recentemente soubemos que Washington está jogando um jogo secreto sem escrúpulos e exigindo que os aliados assinem documentos para que entreguem os materiais de seus voos de observação sobre a Rússia para os EUA. [Os EUA] exigem que eles Europeus negam que a Rússia realize voos de observação sobre instalações militares dos EUA na Europa”, explicou o diplomata russo.
Gavrílov chamou as demandas de Washington de “uma séria violação do tratado” e advertiu que se os demais Estados membros “seguirem o exemplo dos EUA”, Moscou em breve aplicará “duras medidas retaliatórias”.
Se os Estados Unidos decidirem retornar ao tratado, terão que fazê-lo nos termos dos países participantes, acrescentaram do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
A retirada dos EUA
O comunicado foi divulgado um dia depois de Washington encerrar sua retirada do pacto, anunciada há seis meses.
O Tratado de Céus Abertos da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) é um pacto de controle de armas que permite aos seus 34 signatários realizar voos de reconhecimento aéreo sobre os territórios de qualquer outro Estado membro, fotografando do ar com uma resolução imagem limitada a 30 centímetros
Em 21 de maio, Donald Trump anunciou que seu país se retiraria do pacto dentro de seis meses e justificou a decisão citando supostas violações por parte da Rússia. Ao mesmo tempo, o governo dos EUA disse que poderia “reconsiderar” sua decisão se Moscou retornar “ao cumprimento total” dos termos do pacto.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zajárova, afirmou que a Rússia também faz reclamações “muito claras” contra os EUA há muito tempo quanto à sua forma de cumprir o tratado.