Há exatos três meses, em 28 de abril, as comunidades étnicas meitei e kuki começaram uma disputa violenta no estado de Manipur, Índia. Até o momento, 120 pessoas foram mortas e 50 mil foram obrigadas a fugir de suas casas e estão desalojadas. Além disso, 350 igrejas foram incendiadas. Entenda como os conflitos começaram no maior estado cristão da Índia e veja os testemunhos de cristãos afetados.
Como começaram os conflitos em Manipur?
Os conflitos aconteceram após o Tribunal Superior instruir o governo estadual a incluir a comunidade meitei na lista de tribos registradas.Essa decisão garante que os meitei tenham privilégios semelhantes às minorias tribais, como os kuki, que residem em áreas remotas reservadas nas montanhas.
Em resposta, as comunidades kuki protestaram e a União de estudantes tribais de Manipur convocou manifestações pacíficas em todos os sete distritos montanhosos do estado. Mas no distrito de Churachandpu, 60 mil manifestantes kuki e meitei se enfrentaram e a violência se expandiu para outros 10 distritos estaduais.
Os conflitos em Manipur podem ter motivos religiosos?
Apesar de os conflitos terem começado por motivos políticos, é possível que tenha uma motivação religiosa. Já que igrejas, casas e comércios de cristãos foram danificados e destruídos, enquanto os de pessoas de outras religiões foram preservados.
Os próprios seguidores de Jesus da etnia meitei foram ameaçados pelos membros de sua comunidade para renunciar a fé cristã e aceitar a crença dos antepassados. A Aliança Internacional pela Liberdade Religiosa produziu um relatório investigativo da situação e coletou alguns depoimentos de cristãos locais. Veja alguns testemunhos de vítimas da etnia meitei e da tribo kuki:
“Os cristãos meitei estão presos no meio das discussões sobre esta crise, mas 250 igrejas cristãs meitei foram vandalizadas ou destruídas pelo fogo até agora. Em muitos casos, a multidão incendiou igrejas ou casas dos seguidores de Jesus, mas não danificou a porta do vizinho, não cristão. Estamos enfrentando a hostilidade dos meiteis por sermos cristãos, e dos kukis por sermos meiteis.”, testemunha o pastor K*.
Um outro líder cristão kuki e sua família quase foram linchados por uma multidão, que atirava pedras e estava armada com paus e barras de ferro. Todos foram arrancados do carro e depois trancados dentro do escritório dos extremistas Arambai Tenggol. “Para garantir nossa segurança, barricamos as portas para impedir a entrada deles. Mas nos atacaram três vezes. Como não conseguiram arrombar a porta, começaram a atirar e danificaram as janelas para nos atacar.”, conta o pastor.
A família cristã foi usada como refém, mas os militantes meitei decidiram não fazer a troca e executá-los. No entanto, foram libertos uma hora depois e escaparam das mãos dos extremistas.
O pastor kuki T* teve a igreja que lidera e o seminário onde trabalha destruídos pelas chamas. “Uma tarde, uma multidão extremista meitei composta por mais de 500 pessoas entraram em pé de guerra e incendiaram a igreja, a editora, a biblioteca e 12 alojamentos. A polícia não fez nada para interromper o fogo no campus [da universidade local], mas estava ocupada apenas vigiando para que as chamas não atingissem nossos vizinhos”, denuncia o cristão.
A Portas Abertas está socorrendo os cristãos de Manipur?
Os parceiros locais da Portas Abertas oferecem socorro emergencial para as vítimas dos conflitos que estão desalojadas. Mais de 850 cestas básicas foram distribuídas, além de velas, baldes e conjuntos de utensílios domésticos com duas panelas com tampas, uma tigela grande, cinco pratos e potes pequenos e duas colheres.
Como posso ajudar os cristãos perseguidos em Manipur?
Além de comprometer-se em orar por paz no estado, você pode contribuir para a campanha de socorro a cristãos atacados na Índia. Com uma doação, é possível alimentar, oferecer assistência médica e apoio legal para nossos irmãos e irmãs hostilizados por amar a Jesus.
*Nomes alterados por segurança.