A realidade experimentada por Jorina, uma cristã em Bangladesh, é explicada em poucas palavras: “Para líderes islâmicos da vila, parece que seria melhor se todas as mulheres cristãs estivessem mortas”. Isso parece chocante, mas é um sentimento comum no Norte de Bangladesh. Jorina entende que sua identidade como mulher e cristã a torna duplamente vulnerável. Isso é mais do que apenas um sentimento, mensagens de líderes islâmicos radicais dão liberdade à comunidade para tratá-la mal, ao ponto de ameaçar sua vida.
Jorina cresceu como muçulmana e se casou com um muçulmano. Porém, ele aprendeu sobre Jesus com alguns cristãos e ela ficou intrigada: “Eu queria saber mais, mas segundo a cultura da vila, uma mulher não pode conversar com estranhos. Um dia, com coragem, perguntei a meu marido: ‘Quem é esse homem? Sobre o que vocês conversam? Estou muito curiosa em saber. Quero me unir a vocês’. Meu marido disse: ‘Sim, você pode’”, relembra. Finalmente, ela aprendeu sobre Jesus e ficou surpresa quando o homem usou versos do Alcorão para isso.
Durante dois anos, o casal estudou sobre Jesus e outras literaturas islâmicas. Quando se convenceram de que a Bíblia era verdadeira e aceitaram a Jesus, foram batizados. Jorina e o marido estavam animados para compartilhar a nova fé. Mas a área onde vivem é predominantemente muçulmana. Quando disseram que se tornaram cristãos, a comunidade mudou repentinamente.
Sem escolhas
Para as mulheres, Jorina agora era diferente. “Um dia, cerca de 15 mulheres da vila me chamaram. Achei que queriam ouvir a verdade que eu sabia. Entramos em uma casa e elas disseram: ‘Sabemos que após se tornar cristão, eles colocam um selo em você. Vamos checar seu corpo à procura do selo’. Quando disseram isso, me senti realmente constrangida”, disse.
A crença na região vem de um erro de entendimento sobre Efésios 1.13: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa”. Alguns acreditam que os cristãos são fisicamente “marcados” quando se tornam seguidores de Jesus. Jorina tentou explicar que elas estavam erradas, mas nada mudou.
“Havia muitas mulheres e eu estava com muita vergonha, mas não tive escolha. Elas começaram a procurar pelo selo, checaram cada parte do meu corpo. Eu não podia compartilhar isso com ninguém porque era uma questão muito íntima, um incidente profundamente vergonhoso para mim. Eu chorei muito naquela sala. Depois de um tempo, elas me expulsaram e eu voltei para casa. Quando cheguei, não compartilhei com ninguém. Como poderia?”, conta.
Pressão de todos os lados
Esse foi um dos dias mais dolorosos da vida de Jorina, cuja memória ainda a faz chorar. No começo, ela se sentiu desamparada. Depois, contou para suas amigas da igreja e o apoio delas trouxe a cura necessária. Mesmo com uma fé forte, Jorina vive com a constante ameaça de ataques futuros – que visam não apenas ela, mas também sua família.
“Após nossa conversão, a família do meu marido também começou a nos pressionar, dizendo que ele não receberia nenhuma herança. Quando minha sogra faleceu, não nos permitiram participar do funeral. Meu marido recebeu ameaças de morte, até mesmo do seu sobrinho. Eles nos disseram: ‘Em todas as nossas gerações, vocês são os únicos que arruinaram a reputação da família na sociedade ao se tornarem cristãos’”, explica.
Os dois filhos de Jorina também experimentaram discriminação na comunidade e na escola. “Meus amigos me disseram que nos queimarão vivos”, contou um dos filhos a ela. Tudo que Jorina podia fazer era orar e entregar a segurança dos filhos a Deus. Fazer uma reclamação seria inútil, pois as autoridades locais não fariam nada para ajudar uma família cristã.
Apesar de tudo que suportou e ainda suporta, Jorina escolheu servir fielmente a Deus. Ela e o marido continuam compartilhando o evangelho com vizinhos muçulmanos e, como resultado, pessoas têm conhecido a Jesus. Eles nutrem esses novos cristãos em uma pequena igreja doméstica. Isso os coloca em grande risco de ataques, mas Jorina não tem medo, pois sabe que o Senhor está com eles, e afirma: “Se tivermos que morrer, que seja pelo Senhor. Se estamos vivos, que seja para a glória do Senhor. Deus pode trabalhar por meio de nós”.
Ajude a construir igrejas domésticas em Bangladesh
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