O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fez críticas ao acordo nuclear proposto pelos Estados Unidos. Em discurso feito nesta quara-feira (4), Khamenei afirmou que o documento apresentado por Washington subestima o poder da nação do Irã.
“Quem é você para dizer ao Teerã se devemos ou não ter um programa nuclear?”, indagou Khamenei. “Os EUA não serão capazes de enfraquecer o nosso programa nuclear”, continuou.
Segundo a agência de notícias Reuters, os EUA propuseram um acordo nuclear ao Teerã que foi entregue ao país pelo ministro das Relações Exteriores de Omã, Sayyid Badr Albusaidi, no sábado (31). Albusaidi tem atuado como mediador nas negociações entre Teerã e Washington.
Os dois países, tradicionais rivais, vêm travando negociações para tentar um novo acordo pelo qual o Irã se compromete a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio para fins nucleares e, em troca, o governo norte-americano retira sanções aplicadas a Teerã.
EUA e Irã haviam chegado a um acordo nuclear durante a presidência de Barack Obama, mas o próprio Trump desfez o trato que tenta agora refazer, em sua primeira gestão à frente dos EUA.
Ainda no discurso, o aiatolá disse que o país não vai abandonar o enriquecimento de urânio. O tópico têm sido um ponto de discórdia entre as duas nações.
“O enriquecimento de urânio é a chave do nosso programa nuclear, e os inimigos têm focado nesse ponto”, disse Khamenei. A proposta dos EUA “contradiz a crença da nossa nação na autossuficiência e no princípio do ‘Nós Podemos'”, afirmou.
Na segunda-feira (2), um diplomata iraniano disse à agência de notícias Reuters que Teerã estava prestes a rejeitar a proposta dos EUA para encerrar uma disputa nuclear que já dura décadas, classificando-a como “inaceitável” por não suavizar a posição de Washington sobre o enriquecimento de urânio nem atender aos interesses do Irã.
O país afirma que deseja dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos e nega há muito tempo as acusações das potências ocidentais de que estaria tentando desenvolver armas nucleares.
Tentativa de negociações
Em 23 de maio, representantes dos dois países se encontraram para tentar negociar um acordo nuclear, mas as conversas não avançaram. Uma semana depois, no dia 31, o Irã reagiu a uma fala de Trump, que afirmou não negociar com quem mantém armas nucleares.
“Se os EUA buscam uma solução diplomática, devem abandonar a linguagem de ameaças e sanções”, disse uma autoridade de Teerã, acrescentando que tais ameaças “são hostilidade aberta contra os interesses nacionais do Irã”.
No governo Trump, o Irã e os EUA retomaram, sob pressão do americano, o diálogo para tentar um novo acordo nuclear. Os dois países tinham assinado um acordo durante o governo de Barack Obama, mas o próprio Trump retirou os EUA durante seu primeiro mandato.
As conversas diretas do último mês representaram a 5ª rodada das negociações diretas entre os representantes dos dois países.
Fonte: G1.