O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chamou de “ultimato” a proposta de paz feita pela Rússia e que as condições impostas pelo rival para o fim da guerra são inviáveis. O presidente russo, Vladimir Putin, acusou os ucranianos de não querer paz e promover o terror, em referência a ataques recentes em solo russo.
Os termos da Rússia para terminar a guerra, que completou três anos em fevereiro deste ano, foram apresentados em memorando de paz entregue à delegação ucraniana durante negociações diretas na segunda-feira. Entre eles está a exigência de incorporar as regiões ocupado pelas tropas russas, que somam 20% do território ucraniano (veja abaixo). As condições russas não são novas, e já foram consideradas inaceitáveis anteriormente.
Em coletiva de imprensa durante evento da Otan nesta quarta-feira (4), Zelensky propôs um cessar-fogo completo até que uma eventual reunião com Putin aconteça, e disse estar pronto para o encontro a qualquer momento. Ele disse também que novos encontros diretos para negociar o fim do conflito sem a presença dos presidentes não teriam sentido.
Em evento da alta cúpula russa também nesta quarta-feira, Putin acusou a Ucrânia de não querer a paz e questionou a possibilidade do sucesso das negociações pelo fim do conflito diante dos ataques ucranianos na Rússia nos últimos dias.
Putin se referia a três ataques, o audacioso ataque surpresa de drones contra aviões de guerra, um bombardeio a linhas ferroviárias em Kursk e a explosão de parte da ponte da Crimeia —os dois primeiros foram chamados por autoridades russas de “ataques terroristas”.
“Quem sequer negociaria com quem aposta no terror?”, questionou o presidente russo. A Rússia é acusada de reiterados ataque diários a estruturas civis em cidades ucranianas de diversas regiões.
O chefe da delegação russa nas negociações diretas, Vladimir Medinsky, participou do evento e afirmou que uma reunião entre os chefes de Estado é possível e deveria começara a ser planejada. Medinsky disse ainda que a Ucrânia busca um cessar-fogo incondicional de 30 a 60 dias no conflito, e que Zelensky recusou uma trégua parcial de dois a três dias na linha de frente.
Zelensky disse ainda que o país não recebeu resposta da versão ucraniana do memorando entregue pelos russos, e que metade dos 41 aviões danificados pelo ataque de drones não poderão ser reparados.
Exigências russas pelo fim da guerra
A Rússia manteve exigências já apresentadas anteriormente para que haja um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, informaram agências estatais russas nesta segunda-feira (2). A anexação de 20% do território ucraniano está entre os requisitos que constam no memorando de paz entregue pelos russos aos ucranianos.
A proposta foi apresentada durante uma segunda rodada de negociações diretas entre delegações dos dois países, realizada em Istambul, na Turquia. A Ucrânia já havia rejeitado essas condições em encontros anteriores.
Segundo as agências estatais russas Tass, Interfax e RIA Novosti, as condições russas para um cessar-fogo definitivo no conflito delineadas no memorando são as seguintes:
- Reconhecimento da Crimeia, Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, regiões ocupadas atualmente pelas tropas russas e que correspondem a 20% do território da Ucrânia, como território da Rússia;
- Retirada completa das tropas ucranianas desses territórios;
- Interrupção de fornecimento de armas e de inteligência do Ocidente à Ucrânia;
- Realização de eleições na Ucrânia;
- Limitação do Exército ucraniano, tanto na quantidade de tropas quanto de armas;
- Proibição da Ucrânia de ter armas nucleares e de abrigar esses armamentos em seu território.
Até a última atualização desta reportagem, as agências russas não mencionaram a proibição da entrada da Ucrânia na Otan (Aliança Militar do Atlântico Norte) entre as exigências do Kremlin para a trégua.
Caso as exigências russas sejam cumpridas, o memorando prevê a assinatura de um acordo de paz, a extinção de todas as sanções econômicas existentes entre os dois países e a restauração das relações econômicas com a Ucrânia, incluindo o fornecimento de gás.
Fonte: G1.