A Venezuela vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. Amanhã (28) acontecerá a eleição presidencial. Pela primeira vez em 23 anos, a oposição está liderando as pesquisas de intenção de voto, com mais de 30 pontos à frente do atual presidente, Nicolás Maduro. A situação criou um clima de tensão e incerteza em toda a nação.
Nas últimas semanas da campanha, a ONG Laboratorio de Paz relatou que ao menos 76 pessoas sofreram prisões arbitrárias, foram denunciados mais de 28 casos de assédio e dezenas de abusos dos agentes da Polícia Nacional Boliviana. Maduro também conseguiu desqualificar duas oponentes – María Corina Machado e Corina Yaris – no ano passado, mas não pôde impedir a candidatura de Gonzales Urrutia para as eleições deste domingo.
A Portas Abertas relatou um aumento da perseguição aos cristãos durante as eleições. Atualmente, a nação faz parte da Lista de Países em Observação 2024, na 67ª posição, nos quais os seguidores de Jesus enfrentam índices elevados de pressão e assédios. O governo impede a mobilização popular e mantém o controle da Venezuela por meio de ações, como a censura da liberdade religiosa e de denúncias sobre a crise em meios virtuais.
Vigilância e suborno
O pastor Dario*, por exemplo, foi visitado há algumas semanas por um representante do partido de Nicolás Maduro na igreja. O jovem disse que estava ali para investigá-lo e acusá-lo de oposição ao governo. “Nunca me envolvi com política, apesar de ter minhas convicções. Jamais incitei alguém”, conta o pastor. Mesmo com familiares favoráveis ao governo e no setor público, ele sabe que não está seguro.
Outros líderes religiosos, como o pastor Abel*, da capital, comentaram que muitos membros da igreja temem represálias por causa da votação. Às vésperas das eleições, o governo Maduro ofereceu diversos benefícios para igrejas que apoiassem o governo e muitos dos que recusaram as vantagens foram punidos.
“É uma estratégia do governo para conseguir apoiadores. Eles nos oferecem boa infraestrutura para as igrejas e ajuda, mas não aceitamos. Por isso, eles cortam nossos cabos. Há oito dias, quando chegamos para o culto, não havia eletricidade. O cabo principal foi arrancado. Eu me sinto desconfortável por, como venezuelano, não poder ter liberdade de pensamento”, relata o pastor Dario.
“Minha missão é mobilizar as pessoas para levar a mensagem de esperança, os ensinos de Cristo”, é a resposta de Dario aos membros da igreja que perguntam a ele em quem devem votar. A maioria dos pastores procuram ser ainda mais cautelosos durante as eleições pois é um período em que as represálias a eles aumentam.
Apesar das ameaças, os cristãos venezuelanos se juntaram para encorajar uns aos outros por meio da oração. Eles intercederam pelos líderes, clamaram por discernimento e sabedoria do Espírito Santo nas eleições. O futuro da igreja no país está muito relacionado à situação política, pois, sem transparência e liberdade, a igreja continua a enfrentar empecilhos para desenvolver sua missão de servir e apoiar a comunidade.
*Nomes alterados por segurança.
Pedidos de oração
- Peça a Deus sabedoria para todos os eleitores na Venezuela.
- Interceda pela segurança dos cristãos perseguidos durante a eleição.
- Clame pelos venezuelanos que enfrentam fome e escassez de recursos.
- Ore para que a nova autoridade eleita respeite os direitos humanos e a liberdade religiosa.